Afastado por dívida, dono da Avianca Colômbia quer até 40% da Alitalia
O governo italiano pretende concluir nesta segunda-feira (15) o processo de venda de até 40% da companhia aérea Alitalia, que está em processo de recuperação judicial há mais de dois anos. Segundo os acordos firmados até agora, a Ferrovie dello Stato, empresa estatal de ferrovias italiana, terá uma participação de 35%, a norte-americana Delta Airlines ficará com 10% a 15% e o governo italiano com 15%. O restante está em disputa entre quatro interessados.
Um dos nomes na disputa pelos 40% da companhia é o do empresário Germán Efromovich, dono de 79% da Avianca Colômbia.
A ofensiva de Germán em adquirir parte da Alitalia começou depois que ele foi afastado, em maio, da presidência do conselho da Avianca, após um calote de um empréstimo junto à United Airlines. Sua presença no conselho da empresa era uma das garantias do empréstimo.
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Germán é irmão de José Efromovich, controlador da Avianca Brasil. A companhia aérea brasileira entrou em processo de recuperação judicial em dezembro do ano passado e teve suas operações suspensas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no final de maio por questões de segurança. Desde então, funcionários estão sem receber salários, e passageiros que tiveram os voos cancelados reclamam da falta de atendimento da empresa.
O dono da Avianca Colômbia passou a última semana na Itália em reuniões com membros do governo para apresentar seus planos e preparar a proposta oficial para entrar no negócio da Alitalia. Quando anunciou seu interesse no negócio, Germán foi além e disse que também gostaria de ser o CEO da companhia aérea italiana.
Estima-se que os 40% de participação na companhia aérea italiana teria o valor de 300 milhões de euros (R$ 1,26 bilhão). Segundo a imprensa italiana, Germán chegou a dizer que já teria o dinheiro e não precisaria recorrer a empréstimos.
Apesar da disposição do empresário, a participação de Germán terá de superar algumas resistências. O maior impasse estaria por conta da participação da Delta no negócio. A companhia aérea norte-americana e a Alitalia fazem parte da aliança global Sky Team, enquanto a Avianca é membro da Star Alliance.
Grupo da família Benetton é o preferido
Fontes ouvidas pelo jornal italiano "Il Sole 24 Ore" apontam que o grupo Atlantia, o último a entrar na disputa, é o preferido para vencer a disputa. O Atlantia conta com o aval da Delta pela sua experiência na administração de mais de 14 mil quilômetros de estradas e diversos aeroportos, como Fiumicino e Ciampino, ambos em Roma.
O Atlantia tem como um dos principais sócios a família Benetton. O governo italiano, no entanto, entrou em conflitos recentes com o grupo Atlantia e ameaça cassar algumas concessões por conta da queda da ponte Morandi, em Gênova, em agosto do ano passado, administrada pelo grupo.
Outros nomes que já demonstraram interesse em adquirir parte da companhia aérea italiana foram Carlo Toto, da Toto Holding, empresa de construção de estradas, e Claudio Lotito, dono e presidente do clube de futebol Lazio. A proposta da Toto Holding já foi apresentada, mas até a última sexta-feira (12) Lotito ainda não havia entregue as garantias financeiras, o que pode inviabilizar sua participação.
Plano de reestruturação da Alitalia
O jornal "Il Sole 24 Ore" divulgou na última sexta-feira (12) o que seria o plano de reestruturação da Alitalia. O projeto prevê uma empresa ligeiramente menor, mas com melhor aproveitamento dos aviões e redução de custos.
A companhia, que teve prejuízo de 340 milhões de euros (R$ 1,43 bilhão) em 2018, continuaria no vermelho até 2021. A previsão é de lucro de 53,9 milhões de euros (R$ 227 milhões) em 2022 e de 134 milhões de euros (R$ 565 milhões) em 2023.
O plano de reestruturação prevê a redução de 15 aviões na frota da Alitalia, passando das atuais 117 aeronaves para 102 a partir de janeiro do ano que vem. Haveria também a redução de postos de trabalho e de salários.
Segundo o projeto, o corte atingiria 740 funcionários que trabalham em tempo integral. O salário dos pilotos cairia de 138 mil euros por ano (R$ 48,5 mil por mês) para 131 mil euros (R$ 46 mil por mês), enquanto o dos comissários de bordo seria reduzido de 51 mil euros por ano (R$ 17,9 mil por mês) para 48 mil euros (R$ 16,8 mil por mês). Além disso, teriam de trabalhar mais, já que as folgas mensais cairiam de dez para nove dias.
O projeto também prevê o corte de diversas rotas que não são lucrativas, sendo 15 de curta e média distância e cinco de longo alcance. Os voos para o Brasil não devem ser afetados. Atualmente, a Alitalia tem voos diários para os aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro.
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