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CEO da Latam critica decisão a favor da Avianca: “aumenta risco e preço”

Vinícius Casagrande

06/02/2019 20h04

Presidente da Latam, Jerome Cadier (Bruno Santos/Folhapress)

A decisão da última sexta-feira (1º) do juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, de prorrogar o prazo até abril para que a Avianca negocie o pagamento das parcelas atrasadas do leasing de seus aviões não desagradou apenas as empresas que são proprietárias das aeronaves. O presidente da Latam, Jerome Cadier, afirmou nesta quarta-feira (6) que se surpreendeu de forma negativa e que a decisão foi uma decepção.

"Para mim, nada a ver com o fato de ser a Avianca ou qualquer outra companhia. A surpresa negativa da sexta-feira foi o desrespeito a uma convenção da qual o Brasil é signatário", afirmou.

A Avianca afirmou que não iria comentar as críticas.

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Cadier alega que a decisão fere o que determina a convenção da Cidade do Cabo. O acordo prevê a ágil retirada de aeronave pelo proprietário em casos de inadimplência. A Avianca entrou com pedido de recuperação judicial em dezembro para tentar evitar que seus aviões fossem retomados pelas empresas de leasing por atrasos nos pagamentos das parcelas.

Para o presidente da Latam, a decisão judicial a favor da Avianca aumenta a insegurança jurídica no país, afasta investidores e pode elevar os preços de leasing de novos aviões para todas as companhias aéreas que operam no Brasil.

"Quando se tem uma decisão dessa, você aumenta de forma brutal a incerteza de quem faz negócio no Brasil. E quando sobe a incerteza, sobem o risco, a expectativa de retorno e também os preços. Para mim, é muito óbvio que a decisão de sexta-feira é negativa para todo mundo que opera no setor de aviação no Brasil. Por isso que nos surpreendeu de forma negativa e foi uma decepção muito grande", afirmou.

Empresa de leasing vai recorrer

Após a decisão judicial da última sexta-feira, a empresa de leasing Air Castle afirmou que vai "continuar a buscar agressivamente seus direitos, incluindo um recurso imediato da decisão judicial".

Em nota, o CEO da Air Castle, Mike Inglese, afirmou que um sistema judicial previsível e uma estrutura confiável de recuperação de aeronaves são os principais fatores no custo e na disponibilidade de capital para as companhias aéreas. "O Brasil é o terceiro maior mercado de aviação civil do mundo e se beneficiou da adoção da convenção da Cidade do Cabo, permitindo que o país atraísse capital estrangeiro significativo", disse.

Na mesma nota, o CEO da Air Castle afirmou que os custos para futuras negociações no Brasil podem aumentar. "Além do leasing para a Avianca Brasil, fornecemos financiamento para outras grandes companhias aéreas no Brasil e temos compromisso de compra de quase US$ 1 bilhão para a próxima geração de jatos regionais da Embraer. Acreditamos que a decisão judicial vai impactar negativamente a aviação civil no Brasil com custos mais altos e menos financiamento", afirmou.

Presidente da Latam espera decisão rápida

O presidente da Latam disse que a companhia não deve tomar nenhuma atitude em relação ao caso, mas que espera que a situação seja resolvida o mais breve possível. Cadier afirmou que os indicadores apontam para um crescimento do setor aéreo no Brasil neste ano, mas que para isso se concretizar é necessária uma decisão rápida sobre o impasse envolvendo a Avianca e as empresas de leasing.

"É sempre ruim você ter uma empresa de qualquer setor em recuperação judicial. Acho que se a decisão for rápida e racional, não vai haver um impacto em 2019", declarou.

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