Embraer diz que Boeing não acessará tecnologia em nova empresa de defesa
Por Vinícius Casagrande
A Embraer e a Boeing anunciaram nesta quinta-feira (5) uma associação para criar duas empresas. A principal vai ficar com a aviação comercial (aviões maiores). A outra vai cuidar de produtos e serviços na área de defesa. Isso criou uma dúvida porque há questões de segurança envolvendo esse setor.
Segundo a Embraer, a produção de aviões militares não será vendida. Essa nova empresa vai cuidar de aspectos comerciais da venda de aviões militares e deverá ser controlada pela empresa brasileira.
A separação da aviação comercial da área de defesa era justamente uma das exigências do governo brasileiro para a aprovação da parceria entre Embraer e Boeing. O governo temia que a empresa norte-americana tivesse acesso a dados e tecnologia sensíveis para a segurança nacional. A Embraer é privada, mas o governo tem participação com direito a decisões estratégicas.
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A Embraer afirma, no entanto, que a joint venture formada com a Boeing na área de defesa terá como foco questões comerciais para a venda do novo cargueiro militar KC-390, sem acesso à tecnologia de desenvolvimento dos produtos de defesa. A Embraer afirma que a nova empresa deve ampliar o mercado exportador do novo avião.
O KC-390 foi desenvolvido a pedido da Força Aérea Brasileira, que encomendou 28 unidades do avião. O KC-390 começou a ser projetado em 2009 e fez o primeiro voo em 2015. Em fase final de desenvolvimento, o primeiro avião deve ser entregue entre o final deste ano e início de 2019.
A Embraer tem negociado a venda do cargueiro com forças aéreas de outros países. Até o momento, no entanto, nenhum outro negócio foi efetivamente concluído. As negociações mais avançadas acontecem com o governo de Portugal, que já demonstrou interesse em adquirir cinco aviões.
Boeing e Embraer já tinham um acordo comercial, desde 2016, para a venda do KC-390. Segundo o acordo, as empresas podem explorar em conjunto novas oportunidades de negócios, tanto para a comercialização da aeronave quanto para o seu suporte e manutenção. A Embraer fabrica a aeronave, e a Boeing é responsável pelo suporte operacional, como serviços de manutenção, mas sem acesso à tecnologia de desenvolvimento do avião. Com a joint venture, esse acordo dá um passo a mais.
"As empresas também irão criar outra joint venture para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa, em especial o avião multimissão KC-390, a partir de oportunidades identificadas em conjunto", disseram as duas empresas no comunicado conjunto.
"Os investimentos conjuntos na comercialização global do KC-390, assim como uma série de acordos específicos nas áreas de engenharia, pesquisa e desenvolvimento e cadeia de suprimentos, ampliarão os benefícios mútuos e aumentarão ainda mais a competitividade da Boeing e da Embraer", disse Nelson Salgado, vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores da Embraer, no comunicado.
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