Embraer entrega primeiro avião do modelo E190-E2 a uma companhia aérea
Por Vinícius Casagrande
A Embraer entregou nesta quarta-feira (4) o primeiro avião do modelo E190-E2 para uma companhia aérea. O avião é o primeiro da nova geração de jatos comerciais da fabricante brasileira.
A companhia aérea norueguesa Widerøe foi a escolhida para ser a lançadora do novo modelo. Além do avião recebido nesta quarta-feira, as próximas duas aeronaves a saírem da linha da produção também serão entregues à Widerøe. A companhia fará o primeiro voo comercial com o novo avião no dia 24, na rota entre Bergen e Thonson, ambas na Noruega.
Durante a cerimônia de entrega do novo avião, o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou que a nova geração de jatos comerciais é um novo marco na história da empresa. "Hoje entramos em uma nova era na aviação comercial. O E190-E2 é um lindo avião, mas o mais impressionante está onde não se vê, com sua máxima eficiência", afirma.
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Com capacidade entre 97 e 114 passageiros, o novo E190-E2 recebeu um novo motor e melhorias aerodinâmicas e nos sistemas de controle de voo. As mudanças fizeram com que a nova geração fosse 17,3% mais econômica no consumo de combustível. No início do projeto, a meta da Embraer era gerar uma economia de 16%. "Estamos felizes em superar as nossas próprias expectativas", afirma Fernando Antonio Oliveira, diretor do programa E2.
Segundo a Embraer, o E190-E2 tem custo por viagem 7% menor do que seu principal concorrente, o Bombardier CS100. No entanto, o custo por assento é 1% maior.
Melhorias aerodinâmicas
A redução do consumo de combustível foi um dos principais objetivos da Embraer na hora de desenvolver uma nova geração de jatos comerciais. Boa parte da economia foi conseguida ao utilizar um novo motor. O modelo utiliza motores da Pratt & Whitney. Somente a troca do motor é responsável por uma economia de 11% de combustível.
Um dos pontos mais comemorados pela Embraer, no entanto, foi o desenvolvimento das novas asas do modelo. Elas receberam um novo desenho e ficaram maiores. Segundo a fabricante, as novas asas permitem uma maior eficiência operacional, que ajuda a economizar combustível.
Na nova geração de jatos comerciais da Embraer, cada avião tem modelos diferentes de asas. Em outras fabricantes, é comum que aviões semelhantes tenham exatamente as mesmas asas. "Projetamos as asas para serem as mais eficientes de acordo com cada modelo", afirma o diretor do programa E2.
Adaptação dos pilotos e manutenção
A Embraer afirma que a nova geração de jatos comerciais também gera mais eficiência às companhias aéreas por exigir um intervalo maior entre as manutenções obrigatórias. Os aviões da geração E2 podem voar até 1.000 horas antes de fazer as manutenções intermediárias, enquanto o modelo Airbus A320 permite voar até 750 horas.
No caso das companhias aéreas que já têm jatos da Embraer na frota, a adaptação ao novo modelo também poderá ser feita sem a exigência de grandes treinamentos dos pilotos. Segundo a Embraer, os pilotos que já voam aviões da Embraer vão precisar fazer um treinamento de apenas 2,5 dias para se adaptarem à nova geração E2.
"Os pilotos não sentem que é um avião diferente. Podem operar sem um treinamento específico que exija sessões em simuladores de voo. Além disso, podem voar tanto no E1 como no E2", afirma Oliveira.
Conforto para os passageiros
O diretor do programa E2 afirmou que uma das preocupações da fabricante no desenvolvimento da nova geração foi com o conforto interno para os passageiros. Uma das exigências das companhias aéreas, segundo Oliveira, era que os aviões mantivessem a configuração 2-2 (sem o assento do meio comum nos aviões da Airbus e da Boeing).
A Embraer apresenta dados de pesquisas feitas pelas companhias aéreas Lufthansa e KLM que apontam que essa é a configuração preferida de seus passageiros. O CEO da companhia norueguesa Widerøe, Stein Nilsen, afirma que isso também pesou na decisão da empresa ao adquirir os aviões brasileiros. "Nossos aviões já têm a configuração de 2-2, e nossos passageiros gostam disso", diz.
Produção híbrida
Apesar do lançamento da nova geração de jatos comerciais, a Embraer continuará produzindo aviões da antiga geração, pelo menos até atender a todos os pedidos já feitos. Para isso, a fabricante reorganizou toda a sua linha de produção. A Embraer chegou até mesmo a receber uma consultoria da Porsche para decidir o planejamento de fabricação de seus aviões.
As duas gerações de jatos comerciais estarão presentes na mesma linha de produção. No entanto, o processo deles é bem distinto. "Quando a gente olha como o E1 é feito e como é produzido o E2, eles são bastante diferentes", afirma Daniel Carlos da Silva, gerente sênior de engenheira de produção da aviação comercial da Embraer.
Segundo o diretor do programa E2, a principal diferença está na automação da produção. "O E1 tem 35% de automação, enquanto o E2 chega a 80%", afirma Fernando Antonio Oliveira.
Novos modelos
Além do E190-E2, a Embraer já está fazendo os testes em voo do E195-E2, o maior avião da nova geração de jatos comerciais, com capacidade entre 120 e 146 passageiros. O primeiro avião do modelo deve ser entregue no próximo ano para a companhia aérea brasileira Azul.
Terceiro membro da família, o primeiro protótipo do E175-E2 deve ficar pronto no próximo ano para iniciar os testes em voo, com a primeira entrega prevista em 2021 para a norte-americana SkyWest. O avião é o menor da família, com capas entre 80 e 90 passageiros.
A Embraer tem a liderança mundial no mercado de jatos comerciais para até 150 passageiros, com participação de 29%. "Precismos defender nossa liderança no mercado. Por isso, decidimos desenvolver o E2", afirma Oliveira.
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