Convair, Samurai, Electra, Fokker: relembre aviões da ponte aérea Rio-SP
Vinícius Casagrande
06/07/2019 04h00
A ponte aérea Rio-São Paulo completa hoje 60 anos de operação. Companhias aéreas já realizavam a rota entre os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, mas foi no dia 6 de julho de 1959 que o trecho recebeu o nome oficial de ponte aérea.
As companhias aéreas Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul se juntaram para criar uma malha que tinha voos alternados de cada empresa, com intervalos de uma hora. O passageiro comprava o bilhete e, após chegar ao aeroporto, embarcava no próximo voo disponível, independentemente da companhia aérea que faria o voo.
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Essa união das empresas foi batizada pelo presidente da Varig na época, Rubem Berta, como ponte aérea. Hoje, as companhias aéreas já não trabalham mais de forma integrada, mas o nome ponte aérea segue vivo para designar a rota entre os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont.
Os aviões da ponte aérea
No início, cada empresa operava com os aviões que já faziam parte da frota. A Varig voava com o Convair 240, a Cruzeiro do Sul com os Convair 340 e 440, enquanto a Vasp operava a rota com o Saab Scandia.
Nos primeiros anos da ponte aérea, diversos modelos de aviões fizeram os voos. A Vasp voava com os Viscount 701 e os YS-11 "Samurai", a Cruzeiro também utilizava o YS-11, enquanto a Varig operava com os HS 748 Avro e os FH-227 Hirondelle. A companhia aérea Sadia, que mais tarde seria rebatizada para Transbrasil, entrou no pool da ponte aérea com os Dart Herald.
O maior símbolo da ponte aérea, porém, foi o Lockheed L-188 Electra. Introduzido na malha da Varig em setembro de 1962, ele se tornaria o avião exclusivo da ponte aérea em 1975. O avião fez fama pelo conforto e luxo a bordo. A área mais disputada era uma pequena saleta no fundo do avião utilizada para reuniões dos passageiros.
O Electra reinou absoluto nos voos entre Congonhas e Santos Dumont até 1989, quando a TAM entrou na rota para concorrer com o pool de companhias aéreas voando com o turboélice Fokker 27.
Os Lockheed Electra II ficaram em operação na ponte aérea de 1962 até o final de 1992 (Cesar Itiberê/Folhapress)
A aposentadoria do Electra na ponte aérea ocorreu em 5 de janeiro de 1992, com o início da era dos jatos e as operações do Boeing 737-300, que havia feito seu primeiro voo na rota em 11 de novembro de 1991. O primeiro voo do jato contou com a presença de Pelé e Malu Mader como convidados ilustres.
Subsidiária da Varig, a Rio-Sul também entrou na briga voando com os turboélices Embraer EMB-120 Brasília. Ainda no início dos anos 1990, a TAM acirrou ainda mais a briga ao introduzir o jato Fokker 100.
E foi justamente o Fokker 100 da TAM o protagonista do pior acidente da ponte aérea. Em 1996, logo após decolar de Congonhas com destino ao Santos Dumont, o reverso do motor direito do Fokker 100 abriu em voo, causando perda de velocidade e sustentação. O avião caiu 24 segundos após a decolagem em uma rua do bairro Jabaquara, em São Paulo, matando 99 pessoas.
Já no final dos anos 1990, as companhias aéreas que formavam o pool da ponte aérea viviam momentos difíceis, e a união entre elas estava cada vez mais abalada. A Varig foi a primeira a abandonar o pool, que foi oficialmente extinto no início de 1999.
Boeing adaptado para a ponte aérea
Fundada em 2001, a Gol entrava no mercado brasileiro e não queria deixar de fora a rota mais disputada do país. Mas a pista curta do Santos Dumont, com 1.323 metros, não permitia o pouso dos novos aviões Boeing 737-800. A pedido da Gol, a Boeing fez adaptações no avião para permitir o pouso em pistas curtas. Umas das mudanças foi a troca do sistema de freios para discos de carbonos. Além de mais eficientes, eles também são cerca de 300 quilos mais leves.
Atualmente, apenas duas companhias aéreas voam na ponte aérea entre Congonhas e Santos Dumont. A Gol faz os voos com o Boeing 737, enquanto a Latam usa os jatos Airbus A319.
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