Primeiro voo da Azul completa 10 anos; empresa poderia ter se chamado Samba
Vinícius Casagrande
15/12/2018 04h00
A Azul completa neste sábado (15) dez anos do primeiro voo com passageiros da companhia aérea. No dia 15 de dezembro de 2008, o primeiro Embraer 190 da empresa decolava do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), para o voo 4064 com destino a Salvador (BA). O primeiro voo decolou com 98 passageiros. No mesmo dia, a Azul fez também o primeiro voo para Porto Alegre (RS).
Desde então, a Azul já transportou mais de 148 milhões de passageiros. Atualmente, são cerca de 25 milhões de passageiros por ano.
A empresa foi fundada por David Neeleman, nascido no Brasil e criado nos Estados Unidos, que já havia fundado outras três companhias aéreas: a WestJet, no Canadá, e a Morris Air e a JetBlue, nos Estados Unidos. A WestJet e a JetBlue continuam em operação mesmo após a saída de Neeleman. A Morris Air foi extinta em 1994, dez anos após sua fundação.
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A Azul surgia no Brasil após uma grave crise no setor aéreo nacional, com o fim das operações de Varig, Vasp e TransBrasil. O anúncio da criação de uma nova companhia aérea no Brasil aconteceu no final de março de 2008, ainda sem uma definição do nome da empresa.
A ideia era que os futuros passageiros pudessem escolher como a nova companhia aérea se chamaria. Em um site, o público poderia votar em diversos nomes. O primeiro a votar no nome vencedor ganharia um passe vitalício para voar com a companhia.
Foram colocadas em votação opções como Abraço, Alegria, Azul, Brasileira, Céu, Mais, Nossa, Samba, Pátria e Viva. No início de maio, a empresa anunciou que Samba havia sido a opção mais votada pelos internautas.
A diretoria da nova companhia aérea, no entanto, preferiu adotar o nome Azul. A empresa deu o bilhete vitalício tanto para o primeiro a votar no nome Azul como para o primeiro a votar no nome Samba.
"Azul inspira sentimentos como pureza, segurança, serenidade, lealdade, qualidade e, claro, remete ao céu, a voar. Ao mesmo tempo, é um nome mais neutro que Samba", afirmou Neeleman na ocasião.
Aviões brasileiros
A Azul iniciou suas operações com uma frota exclusiva de aviões brasileiros da Embraer. No anúncio da criação da nova companhia aérea, a empresa já havia feito uma encomenda de 36 aviões do modelo 195.
Com o foco na expansão em rotas regionais, com voos para cidades menores que não eram atendidas pela aviação comercial, a Azul decidiu diversificar sua frota. Em julho de 2010, a empresa comprou 20 aviões modelo ATR 72-600, com opções de compra de mais 20 unidades em um contrato de cerca de US$ 850 milhões, incluindo as opções, que são uma espécie de reserva para uma compra futura.
Aviões do modelo ATR 72-600 são utilizados para voos de curta distância em cidades menores (Divulgação)
Os novos aviões entrariam em operação no ano seguinte, quando a Azul atingiu também o terceiro lugar em participação no mercado doméstico brasileiro, posição que ocupa até hoje, atrás da Gol e da Latam.
Fusão com a Trip e voos internacionais
O voo mais alto da Azul veio em 2012, com a fusão com a brasileira Trip em um negócio avaliado em R$ 4,2 bilhões na época. Todo o processo de fusão das duas companhias aéreas levou cerca de dois para ser concluído.
No início de 2014, ao término da fusão e pouco mais de cinco anos após o início de suas operações, a Azul tinha uma frota de 134 aeronaves, mais de 9.700 funcionários, 860 voos diários, mais de 30% do total de decolagens do país e 103 destinos.
Ainda em 2014, a Azul recebeu novos aviões Airbus A330 para iniciar voos internacionais. A primeira rota teve início em 1º de dezembro entre Viracopos e Fort Lauderdale, a 45 quilômetros de Miami (EUA). No mesmo mês, a empresa inaugurou o voo para Orlando (EUA).
Com o crescimento no mercado doméstico, a Azul anunciou em novembro de 2014 a aquisição de 63 aviões Airbus A320neo para serem entregues até 2023. A primeira aeronave do novo modelo chegou em 2016 para substituir os Embraer 195 em rotas mais movimentadas. Enquanto o Embraer tem capacidade para 118 passageiros, o Airbus A320neo pode levar até 174 passageiros.
Isso não significa que a empresa pretenda abandonar os aviões brasileiros da Embraer. Muito pelo contrário. A Azul tem uma encomenda de 51 aviões do novo modelo E195-E2, que promete gastar cerca de 15% a menos de combustível. A Azul será a primeira companhia aérea do mundo a receber o novo avião.
Azul pode dobrar em dez anos, diz presidente
O presidente da Azul, John Rodgerson, afirmou estar confiante com o futuro da companhia e planeja dobrar o tamanho da empresa nos próximos dez anos. "Acho que a próxima década vai ser muito mais promissora para a Azul, com muito mais crescimento, porque o brasileiro ainda viaja pouco. Então, temos de mudar isso. Temos muito mais cidades para abrir voos e muito mais a fazer para ter mais gente viajando neste país", afirmou.
Segundo Rodgerson, a meta da companhia é abrir entre seis e oito novos destinos nacionais por ano. Atualmente, a Azul já voa para 104 cidades no país, tem 12 mil funcionários, 123 aviões e cerca de 780 voos por dia.
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