O aeroporto de Guarulhos (SP) começou a realizar operações simultâneas em suas duas pistas, permitindo que uma aeronave decole de uma pista enquanto outra estiver pousando na pista ao lado.

O novo modelo de manobras, batizado de Agile GRU, está em vigor desde 6 de dezembro, mas foi divulgado à imprensa apenas nesta terça-feira (11).

Guarulhos é o maior aeroporto do país e o mais movimentado da América do Sul em número de passageiros, com uma média de 40 milhões de usuários por ano.

A expectativa é que o novo modelo de atuação melhore o fluxo de aeronaves, reduzindo o tempo de espera, mas não foi estimado de quanto seria essa redução. A tendência é tornar os tempos de voo reais mais próximos dos planejados, melhorando a pontualidade. Também não há projeção de quanto melhoraria a pontualidade.

Hoje, o aeroporto tem autorização para realizar 55 operações por hora, somando cerca de 830 movimentos aéreos por dia, entre pousos e decolagens. No total, são 92 destinos no Brasil e no exterior.

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Segurança está garantida, diz concessionária

O nome técnico da operação Agile GRU é Operação Segregada sob Condições Meteorológicas Visuais. Como o nome sugere, ela só pode ocorrer quando o aeroporto estiver trabalhando em condições visuais. Quando ele opera apenas por instrumentos, não é possível realizá-la.

De acordo com a concessionária que administra o aeroporto, a operação nas duas pistas respeita a distância considerada segura entre aeronaves para que, em caso de arremetidas, por exemplo, não haja risco de colisões. A arremetida é uma manobra executada quando o piloto está se aproximando da pista e desiste de pousar, geralmente por razões de segurança.

A expectativa é que o modelo de operação possa ser utilizado em grande parte do dia, já que o aeroporto atua em condições visuais em 75% do ano, segundo a concessionária.

Operação é pioneira no país para aeroportos do tipo

A operação é pioneira no país em aeroportos com pistas cujas distâncias entre seus eixos são inferiores a 760 metros (distância mínima para alguns tipos de operações simultâneas).

O modelo é diferente do adotado no aeroporto de Brasília. Na capital federal, devido à distância maior entre os eixos centrais, de aproximadamente 1.800 metros, as duas pistas operam de maneira independente, como se fossem dois aeroportos lado a lado, com pousos e decolagens independentes.

Em Guarulhos, uma pista terá apenas pousos, e a outra terá apenas decolagens. Na maioria dos aeroportos, uma pista é responsável por ambas as operações.

Assista ao vídeo:

A iniciativa é resultado de trabalho realizado em conjunto por Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), GRU Airport, Infraero, Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos, na sigla em inglês), com apoio da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

O modelo de operação é uma promessa antiga, que remonta à Copa do Mundo do Brasil, em 2014.

Controladores de voo passaram por treinamento

Para a operação simultânea nas duas pistas, 227 controladores de tráfego aéreo da Torre de Controle Guarulhos e do Controle de Aproximação São Paulo passaram por treinamento nos Laboratórios de Simulação do ICEA (Instituto de Controle do Espaço Aéreo), em São José dos Campos (SP), totalizando 4.820 horas de exercícios.

O treinamento foi praticado no Simulador de Torre de Controle 3D e contemplou cenários que retrataram diversas situações próximas às do controle de tráfego aéreo real, além de aplicar e treinar o uso de termos específicos na comunicação entre controlador e piloto.

No caso dos pilotos, como esses procedimentos já fazem parte da rotina operacional das empresas aéreas, foi necessária somente orientação com relação aos detalhes da operação. As informações também são repassadas por rádio a todos os pilotos a cada pouso e decolagem, reforçando os padrões de segurança.