Avião não tripulado ajuda a calibrar radares e mísseis de caça da FAB
UOL Economia
14/11/2018 04h00
Precisão é essencial aos radares militares, que têm a função de descobrir e acertar alvos a quilômetros de distância. Isso vale para os armamentos dos caças e também para os sistemas de defesa antiaérea do país. Para garantir essa precisão toda, o sistema precisa passar por uma "revisão" de tempos em tempos.
Em aeroportos comerciais, geralmente um avião com instrumentos de calibragem faz voos próximos à pista para checar se a localização dos sistemas de pouso está correta. Para aeronaves militares, pela sua natureza bélica, esse procedimento é diferente. É preciso simular uma ameaça aérea.
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Aeronave é 'catapultada'
A FAB (Força Aérea Brasileira) trabalha com um sistema chamado Diana, que usa um alvo aéreo controlado à distância. Esse sistema tem uma parte terrestre e uma aérea:
- Terrestre: estação de controle em solo, sistema de lançamento por meio de catapulta pneumática e equipamentos de apoio
- Aérea: Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), fabricada pelo Inta (Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial), da Espanha
A aeronave é disparada de uma catapulta pneumática e é comandada remotamente por sinais de rádio. Sua autonomia de voo é de 60 minutos, podendo atingir velocidades de até 720 km/h (200 m/s). Tem 1,84 metro de envergadura e 3,5m de comprimento, e é impulsionado por uma microturbina de 22 kg, que permite chegar a 8.000 metros de altitude.
Assista ao vídeo do alvo aéreo sendo lançado.
Simulação de ataque aéreo
Essa aeronave não tripulada funciona como um alvo, que precisa ser detectada e abatida. Pode ser carregada com diferentes equipamentos, de acordo com os objetivos de cada missão.
Com o uso dessa aeronave-alvo, a FAB consegue avaliar o desempenho dos equipamentos de artilharia antiaérea e de armamentos como os mísseis.
Quando é atingida, a aeronave aciona seu paraquedas e cai no mar para ser resgatada, descontaminada e utilizada em novas missões.
Foco será míssil MAA-1B
A FAB tem, atualmente, dois segmentos aéreos e um terrestre do Diana. O treinamento terá foco no míssil MAA-1B, em desenvolvimento, com disparo a partir dos novos caças SAAB Grippen NG e de outras aeronaves disponíveis na FAB atualmente.
O sistema Diana passou por testes nos últimos meses no CLBI (Centro de Lançamento da Barreira do Inferno), em Parnamirim (RN). Ele será operado pelo Esquadrão Hórus, sediado em Santa Maria (RS).
Terceirizar serviço de alvo aéreo sai caro
Esse sistema foi adquirido porque o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial precisava fazer ensaios em voo do míssil MAA-1B, em desenvolvimento. Porém, contratar uma empresa para prestar os serviços de alvo aéreo de alta velocidade custava muito caro. Por isso, a Aeronáutica considerou importante ela mesma realizar esse tipo de operação.
O sistema foi adquirido pela FAB por meio de compensações, a partir do contrato de compra das aeronaves C-105 Amazonas, da empresa espanhola EADS-CASA (atual Airbus DS), e P-3 Orion.
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