Aeroporto de Guarulhos tem sala de crise inspirada na Casa Branca
Por Vinícius Casagrande
O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, movimenta todos os dias mais de 100 mil passageiros em até 900 voos diários nos períodos de alta temporada. O fluxo de pessoas e de aviões é monitorado 24 horas por dia pelo Centro de Controle Operacional (CCO), em uma sala do quinto andar de um prédio localizado no Terminal 2, logo atrás dos balcões do check-in de passageiros.
Dentro do CCO, funcionários do aeroporto e das principais companhias aéreas trabalham em conjunto para coordenar o fluxo de operações do maior aeroporto do Brasil. Todos os voos previstos, independentemente da companhia aérea, são acompanhados por toda a equipe.
"A gente atua aqui para garantir que o fluxo aconteça. Trocamos ideias e informações o tempo inteiro. Quando qualquer mudança acontece, todos ficam sabendo", afirma Wilson Souza, coordenador do Centro de Controle Operacional de Guarulhos.
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Entre as funções do CCO, está o acompanhamento dos horários dos voos de chegada e saída. Tudo deve ser monitorado para que os técnicos do aeroporto possam determinar onde cada avião irá estacionar para o embarque e desembarque dos passageiros. Normalmente, os aviões já têm lugares predeterminados, mas qualquer imprevisto pode mudar os planos.
"Quando um voo chega com antecedência, o passageiro fica sempre feliz. Para nós, isso é um grande problema, porque é provável que o local que estava destinado a ele ainda esteja ocupado e temos de correr para fazer todas as mudanças de posição", afirma Souza.
O aeroporto de Guarulhos conta com uma capacidade máxima de 52 operações de pouso e decolagem por hora. O horário de pico dura cerca de oito horas por dia, em dois períodos, à noite e no início da manhã. Esses são os momentos de maior tensão, já que qualquer deslize pode afetar voos em um efeito cascata.
Além de manter os voos no horário programado, outro desafio do CCO é fazer o maior número de movimento de passageiros pelas 45 pontes de embarque que ligam os terminais à porta dos aviões. O contrato de concessão assinado pela GRUAirport com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prevê que 95% dos passageiros em voos internacionais sejam embarcados pelas pontes dos terminais. Atualmente, esse índice está em 88%. Já nos voos nacionais, o contrato prevê que o fluxo de 65% dos passageiros seja pelas pontes de embarque. Nesse caso, o índice atual é de 71%. Os demais passageiros são levados de ônibus até a porta do avião.
Mais de 2.000 câmeras de vigilância nos terminais
Não são apenas os aviões que são monitorados o tempo inteiro dentro do Centro de Controle Operacional do aeroporto de Guarulhos. Nos três terminais de passageiros, há mais de 2.000 câmeras monitorando todo o movimento do aeroporto.
As imagens são transmitidas ao vivo para um grande telão instalado dentro do CCO. Os técnicos acompanham os passos de todos os passageiros, podem aproximar a imagem para ver mais detalhes e, em caso de alguma atitude suspeita, acionam a área de segurança do aeroporto.
As câmeras também estão presentes na área externa do aeroporto, desde a Rodovia Hélio Smidt, que dá acesso aos terminais, até as alças de embarque e desembarque. Segundo o coordenador do CCO, esse monitoramento é importante para saber como está o fluxo de chegada dos passageiros. Em dias com trânsito excessivo, as companhias podem tentar adotar medidas para evitar que muitos passageiros percam o voo.
Além de acompanhar o que acontece no trânsito, as câmeras também contribuem para diminuir as infrações, especialmente em casos de estacionamento irregular nas áreas de embarque e desembarque de passageiros. As imagens capturadas pelo aeroporto podem ser acessadas também pela prefeitura de Guarulhos, que pode aplicar multas de trânsito pelas infrações cometidas pelos motoristas.
Sala de crise inspirada na Casa Branca
Quando acontece um evento extraordinário que pode afetar completamente as operações do aeroporto, é na sala de crise, chamada oficialmente de Complexo de Gerenciamento de Crises (CGC), que se reúnem os administradores do aeroporto, membros das companhias aéreas e, dependendo do caso, membros da Polícia Federal, Receita Federal e Vigilância Sanitária.
O local pode ser utilizado para reuniões de prevenção, acompanhamento e reação a episódios de qualquer natureza, como acidentes, ataques terroristas, organização de grandes eventos, manifestações públicas e catástrofes naturais.
Alguns dos casos que exigiram o uso da sala de crise foram as grandes manifestações de junho de 2013, que atrasaram a chegada de passageiros ao aeroporto; a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, em virtude do aumento do movimento do aeroporto; a erupção do vulcão Calbuco, no Chile, no final de abril de 2015, que afetou diversos voos dentro da América do Sul; além do dia do primeiro pouso do Airbus A380, o maior avião de passageiros do mundo, que atraiu mais de 1.400 fãs de aviação para acompanhar a chegada da aeronave.
A sala foi pensada para funcionar mesmo nas situações mais dramáticas. Segundo a administração do aeroporto, todo o projeto foi estruturado tendo como base sala de crise que serve a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos.
A grande mesa de reuniões é voltada para um telão no qual os coordenadores das operações podem selecionar as diversas câmeras do aeroporto, fazer videoconferências, acessar a internet e acompanhar as notícias pelos telejornais da TV aberta ou a cabo. Em caso de pane nos sistemas de comunicação, como telefones celulares ou internet, a sala de crise conta com aparelhos de fax e rádios de comunicação.
Nas laterais da sala principal, há ainda outros ambientes menores para o trabalho das equipes de apoio. No total, são 12 estações de trabalho.
Corpo de Bombeiros tem caminhão utilizado no filme Transformers
A situação mais crítica que o aeroporto pode enfrentar é o acidente de algum avião durante os pousos e decolagens. Para atender a essas ocorrências, o Corpo de Bombeiros do aeroporto conta com 108 soldados da Força Aérea Brasileira especialmente treinados para essa função, que se revezam em turnos.
Quando são acionados, eles precisam chegar ao local da ocorrência em, no máximo, três minutos. Para agilizar ainda mais o atendimento, o Corpo de Bombeiros de Guarulhos recebeu recentemente dois caminhões Panther Rosembauer 6×6 – o terceiro deve ser entregue em janeiro do próximo ano. O modelo, produzido na Áustria ao custo de 1 milhão de euros (R$ 3,3 milhões), fez parte das gravações do filme Transformers e é utilizado em mais de 80 aeroportos de grande porte do mundo.
Para agilizar o atendimento das ocorrências, o caminhão conta com um botão de acionamento de emergência. Quando ele é apertado, as portas se abrem automaticamente e o motor é ligado. Os bombeiros só precisam entrar no caminhão e acelerar. "Isso economiza cerca de 10 segundos, que pode parecer pouco, mas é fundamental dependendo do caso", afirma João Carlos Bottairi, coordenador de combate a incêndio e salvamento.
O caminhão pode transportar até 12,5 mil litros de água e 1.500 litros de LGE (Líquido Gerador de Espuma), que ao serem misturados podem produzir até 60 mil litros de espuma. O Panther Rosembauer conta ainda com câmeras térmicas para que os bombeiros possam encontrar com mais precisão o foco do incêndio.
Os braços mecânicos instalados na parte superior do caminhão têm um perfurador de fuselagem de avião para injetar o material de combate ao fogo diretamente dentro da aeronave. Os jatos de água podem atingir distâncias de até 90 metros.
O Corpo de Bombeiros do aeroporto conta, ainda, com outros quatro caminhões dos modelos antigos que auxiliam no combate ao incêndio e também fazem serviços de rescaldo.
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