Briga de gigantes: compare os jatos Embraer 195-E2 e Airbus A220-100
Todos a Bordo
14/07/2018 04h00
Por Vinícius Casagrande
O mercado de jatos comerciais regionais está no centro das atenções da indústria aeronáutica nos últimos meses. Primeiro, a Airbus assumiu o controle da produção de aviões comerciais da Bombardier. Em resposta, a Boeing fechou um acordo para adquirir 80% da área de aviação comercial da Embraer.
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A briga acontece de olho no potencial de vendas dos novos jatos regionais (até 140 passageiros) das duas principais concorrentes do segmento, um mercado no qual as gigantes Airbus e Boeing estavam de fora até então.
Embraer e Bombardier afirmam que a união com a Boeing e Airbus, respectivamente, é fundamental para as empresas ganharem musculatura e competirem no mercado. O primeiro resultado concreto dessa disputa veio nesta semana, quando a companhia aérea JetBlue anunciou que irá substituir os jatos Embraer E190 pelo A220-300.
Além de mudar de fabricante, a JetBlue optou também por operar aviões maiores. O E190 tem capacidade máxima para 114 passageiros, enquanto o A220-300 pode levar até 160 passageiros.
Apesar de estarem dentro do mesmo segmento, o portfólio de produtos da Embraer e da Bombardier são ligeiramente diferentes.
A fabricante canadense conta com dois modelos inicialmente batizados de CS100 e CS300, que já estão em operação comercial desde 2016. Nesta semana, a Airbus rebatizou os aviões com os nomes A220-100 e A220-300, respectivamente.
A Embraer tem três versões dos seus jatos regionais: E175, E190 e E195. Os modelos estão passando por uma atualização. O E190-E2 já está em operação em companhias aéreas, enquanto o E195-E2 está na fase final de testes.
E195-E2, da Embraer, X A220-100, da Airbus/Bombardier
Os modelos das duas fabricantes que mais se assemelham são o E195-E2 e o A220-100. Trata-se do maior modelo da Embraer contra o menor modelo da Airbus/Bombardier.
Confira quais as diferenças e semelhanças entre os dois concorrentes.
Tamanho e capacidade de passageiros
O jato da Embraer é seis metros mais comprido que o avião desenvolvido pela Bombardier. Isso faz com que a capacidade de passageiros do avião brasileiro também seja maior.
O E195-E2 pode transportar entre 120 passageiros (com três classes de cabine dentro do avião) e 146 passageiros (com apenas a classe econômica e menos espaço entre as poltronas).
Com 35 metros de comprimento, o A220-100 tem uma configuração padrão da cabine para 116 passageiros, podendo chegar a até 135 lugares dentro do avião. A Swiss, primeira companhia aérea a voar com o modelo, utiliza a configuração de 125 assentos, com 16 lugares na classe executiva e 109 na classe econômica.
Embraer não tem 'assento do meio'
Os dois aviões também têm uma diferença importante na forma como os assentos são distribuídos dentro da cabine. Nos jatos da Embraer, são quatro poltronas por fileira, divididos na configuração 2-2.
Os jatos desenvolvidos pela Bombardier têm cinco poltronas por fileira, na configuração 2-3. Com isso, os aviões da Embraer levam vantagem em relação ao conforto do passageiros, já que não existe o assento do meio.
Performance
Na questão de performance, os dois aviões têm números bastante parecidos. Ambos podem atingir a velocidade máxima de Mach 0.82. É o equivalente a 82% da velocidade do som, ou cerca de 890 km/h quando o avião está a 10 mil metros de altitude.
O E195-E2 pode decolar com um peso máximo de 61,5 toneladas, enquanto o A220-100 tem peso máximo de decolagem de 60,8 toneladas.
Nas questões de performance, o avião canadense leva vantagem no alcance. O A220-100 pode atingir distâncias de até 5.460 quilômetros, enquanto o E195-E2 tem alcance máximo de 4.815 quilômetros.
Custos operacionais
Em questões econômicas, os aviões da Embraer levam vantagem em relação aos jatos desenvolvidos pela Bombardier e recentemente incorporados ao portfólio da Airbus. O modelo E195-E2 é 25% mais barato que o A220-100.
O avião brasileiro tem preço-base de US$ 61 milhões, enquanto o jato canadense custa US$ 81 milhões. Os valores podem mudar de acordo com as negociações entre as fabricantes e seus clientes.
Além disso, um estudo da Embraer aponta que o E195-E2 tem um custo por viagem 2% superior ao A220-100. No entanto, como o avião brasileiro pode levar mais passageiros, o custo por assento é 10% inferior em relação ao avião canadense.
Isso significa que se os dois aviões voarem cheios, a companhia aérea pode reduzir o preço da passagem ou aumentar a sua lucratividade.
Atualmente, o E-195-E2 tem 106 pedidos firmes e mais 90 opções de compra. O A220-100 tem até agora cerca de 120 encomendas.
Veja as fichas técnicas
Embraer 195-E2
Passageiros: 120 a 146
Configuração dos assentos: 2-2
Comprimento: 41,5 metros
Altura: 10,9 metros
Envergadura: 33,7 metros
Alcance: 4.815 km
Peso máximo de decolagem: 61,5 toneladas
Velocidade: Mach 0.82 (890 km/h)
Preço: US$ 61 milhões
Airbus A220-100
Passageiros: 116 a 135
Configuração dos assentos: 2-3
Comprimento: 35 metros
Altura: 11,5 metros
Envergadura: 35,1 metros
Alcance: 5.460 km
Peso máximo de decolagem: 60,8 toneladas
Velocidade: Mach 0.82 (890 km/h)
Preço: US$ 81 milhões
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