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Passou mal a bordo de um avião? Procure um comissário de bordo com urgência

Todos a Bordo

22/01/2017 04h00

Imagem: istock/izusek

Por Vinícius Casagrande

Na última quarta-feira (18), um voo da companhia aérea KLM que fazia a rota entre Amsterdã, na Holanda, e Buenos Aires, na Argentina, teve de fazer um pouso de emergência no aeroporto de Curitiba (PR) depois que um passageiro passou mal a bordo. O homem de 69 anos tinha problemas cardíacos, chegou a ser levado a um hospital da capital paranaense, mas não resistiu.

Em situações como essa, a tripulação de voo está treinada para prestar os primeiros socorros aos passageiros. Agir em casos de emergência a bordo, aliás, é a principal função dos comissários de bordo –servir cafezinho é só um complemento de suas atividades quando, felizmente, não há nenhuma emergência.

"A tripulação é treinada para atuar nesses casos e funciona como paramédicos", afirma a presidente da SBMA (Sociedade Brasileira de Medicina Aeronáutica), Vânia Malheiros. "Estão preparados para todas as emergências, como cardiovascular, psiquiátrica, trauma, emergência de fogo e todas as outras", completa.

Treinamento constante

Durante o curso para obter a licença de comissários de bordo junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os alunos têm aulas de primeiros socorros e até sobrevivência na selva. Quando são contratados por uma companhia aérea, o treinamento é aprimorado antes de iniciar o trabalho em voo.

"Todas as companhias grandes têm um simulador de emergência. Além do curso obrigatório para ser admitido, existe dentro das empresas um treinamento obrigatório e periódico que é simulado, acompanhado por um médico regulador", afirma a presidente da SBMA.

Ajuda médica

Mesmo com todo o treinamento, os comissários de bordo não conseguem ter o mesmo preparo de um médico profissional. Por isso mesmo, sempre que algum passageiro passa mal em voo, é verificado se há algum médico a bordo para prestar o socorro especializado.

Em casos graves, é o médico que vai orientar a tripulação sobre a necessidade ou não de se realizar um pouso de emergência para encaminhar o passageiro a um hospital. A decisão final, no entanto, cabe ao comandante do avião. "O médico informa o estado de saúde do passageiro e o piloto avalia as condições de pouso para a aeronave", afirma Vânia.

Caso não haja nenhum médico a bordo, as companhias aéreas ainda contam com uma assistência médica remota. A tripulação entra em contato com médicos que estão em terra para solicitar orientações em casos extremos.

Se for necessário um pouso de emergência, o avião normalmente terá prioridade máxima para pousar. Segundo os regulamentos de tráfego aéreo, uma aeronave só pode pousar antes de um avião que transporta um doente se estiver em emergência mecânica ou se for um planador.

E se o passageiro morrer a bordo?

São raros os casos em que um passageiro é declarado morto a bordo de um avião. Primeiro, porque os comissários de bordo não têm autoridade para atestar o óbito de uma pessoa. Esse procedimento deve ser feito exclusivamente por um médico.

Mesmo quando há um médico prestando assistência ao passageiro, dificilmente o óbito será declarado pelo profissional qualificado. A razão principal, nesse caso, é falta de equipamentos que comprovem a avaliação do médico. Na dúvida, é melhor encaminhar o passageiro a um local mais adequado.

Um detalhe é que se o óbito for declarado em voo, o piloto já não tem mais "obrigação" de fazer um pouso de emergência, já que o fato já está consumado. Na prática, no entanto, o bom-senso costuma prevalecer.

Para essas situações, o Código Brasileiro de Aeronáutica prevê somente que "correndo mal súbito ou óbito de pessoas, o comandante providenciará, na primeira escala, o comparecimento de médicos ou da autoridade policial local, para que sejam tomadas as medidas cabíveis".

O que tem no kit de primeiros socorros

Para auxiliar no atendimento ao passageiros, os aviões são obrigados a transportar um kit de primeiros socorros. A lista dos acessórios e medicamentos que devem ser levados a bordo está descrita no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil 121 (RBAC-121). A lista completa conta com 71 itens. Veja abaixo alguns deles:

  • máscara de ressuscitação boca-a-boca com válvula unidirecional;
  • ressuscitador/reanimador (AMBU) em silicone
  • pó seco que converte resíduos orgânicos líquidos em um gel granulado estéril
  • óculos protetores
  • luvas (descartáveis)
  • estetoscópio
  • esfigmomanômetro (eletrônico, de preferência)
  • cânulas orofaríngeas (3 tamanhos)
  • seringas (vários tamanhos)
  • agulhas (vários tamanhos)
  • catéteres endovenosos (vários tamanhos)
  • catéter urinário

Há também alguns medicamentos:

  • epinefrina 1:1 000
  • antihistamínico– injetável
  • dextrose 50% (ou equivalente) – injetável: 50 ml
  • cápsulas de nitroglicerina, ou spray
  • analgésicos potentes
  • sedativo anticonvulsivante – injetável
  • antiemético – injetável
  • broncodilatador – inalável
  • atropina – injetável
  • adrenocorticosteróide – injetável
  • diurético – injetável
  • medicação para sangramento pós-parto

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