Aérea britânica que terá voos no Brasil serve carne só na classe executiva
A companhia aérea britânica Virgin Atlantic vai estrear no Brasil no ano que vem com voos entre São Paulo e Londres (Reino Unido). A empresa ainda não divulgou a data exata e os valores que pretende cobrar. A única certeza é de que os futuros passageiros brasileiros da classe econômica não vão encontrar carne no serviço de bordo. Carne só é servida na classe executiva. A empresa diz que é por uma questão ambiental, mas o fato é que quem paga mais consegue acesso aos pratos carnívoros.
Criada pelo bilionário Richard Branson, a empresa adota várias práticas do estilo de vida de seu fundador. Vegetariano desde 2014, Branson decidiu abolir gradativamente a carne em todos os negócios do grupo Virgin, que inclui também hotéis e transporte ferroviário, entre outros.
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A restrição à carne no serviço de bordo de todos os voos da companhia aérea foi anunciada durante o relatório de sustentabilidade de 2017 da empresa e já começou a ser implementada. "Já reduzimos a quantidade de carne e óleo de palma a bordo. Na classe econômica, que tem a maior quantidade de refeições, não temos mais carne", afirmou a assessoria da Virgin Atlantic ao ser procurada pelo Todos a Bordo. Na executiva, ainda há opções de refeições com carnes, mas que podem ser abolidas no futuro.
Apesar do projeto de acabar com o consumo de carne em todos os voos, a Virgin Atlantic ainda não pode ser chamada de uma companhia aérea vegetariana. É que a empresa serve outros produtos de origem animal, como peixes e frutos do mar. Segundo a empresa, o objetivo principal é adquirir alimentos sustentáveis.
Preservação da Amazônia
Branson tem sido um forte defensor de práticas vegetarianas como forma de preservação do meio ambiente. "O consumo de carne atual contribui para o aquecimento global e a degradação do meio ambiente. Estima-se que 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa geradas pelo homem sejam provenientes da pecuária, o que é mais do que a contribuição de todas as formas de transporte. A produção de carne representa 41% dessas emissões.", afirmou em artigo publicado no site da Virgin.
O programa de sustentabilidade da companhia aérea coloca como meta reduzir a quantidade de alimentos que geram risco de desmatamento de florestas. A preocupação com a Amazônia é uma constante nos discursos de Branson sobre o tema. "Cerca de 80% da área desmatada da Amazônia no Brasil é usada para criação de gado. Isso causa uma grande perda de biodiversidade", disse no mesmo artigo.
Empresa serve 5,5 milhões de refeições ao ano
A Virgin Atlantic assinou uma parceria com a ONG britânica Associação de Restaurantes Sustentáveis (SRA, na sigla em inglês), com o objetivo de garantir práticas sustentáveis para as 5,5 milhões de refeições servidas a bordo a cada ano.
"Deve seguir princípios chaves como: condições justas de trabalho e remuneração aos fornecedores e funcionários, peixes e frutos do mar de origem sustentável e redução de alimentos com risco de desmatamento", afirmou o relatório da Virgin Atlantic.
Além das restrições aos alimentos que causam desmatamento, o código de ética da empresa também proíbe o transporte de alguns itens que, segundo a empresa, comprometem seus valores e compromissos comerciais. "Nos recusamos a transportar uma série de produtos legais, como barbatanas de tubarão, marfim, troféus de caça e produtos de peles."
Primeiro destino na América do Sul
São Paulo será o primeiro destino da Virgin Atlantic na América do Sul. O voo, com duração de 11h55, terá frequência diária e será operado em aeronave Boeing 787, com três opções de cabine: econômica, executiva e primeira classe.
O novo voo para o Brasil faz parte do plano de crescimento global da companhia aérea, que já anunciou a criação de outras rotas internacionais a partir de Londres. Além disso, a Virgin Atlantic deve fazer parte de uma nova joint-venture internacional em conjunto com Delta, Air France e KLM. O negócio é avaliado em US$ 13 bilhões.
As três empresas que formarão a joint-venture com a Virgin Atlantic já são parceiras da brasileira Gol, o que deve facilitar um acordo no Brasil para o transporte de passageiros a outras cidades no país.
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