Boeing atualiza software do 737 Max, modelo de avião envolvido em acidentes
A Boeing anunciou hoje a atualização do software dos aviões 737 Max, envolvidos em dois acidentes fatais nos últimos meses. A atualização já vinha sendo estudada pela empresa desde a queda do avião da Lion Air na Indonésia, em outubro de 2018.
Após a queda de avião do mesmo modelo da Ethiopian Airlines em 10 de março, a Boeing afirmou, em nota, que estava trabalhando na atualização "para fazer do 737 Max uma aeronave ainda mais segura do que já é".
À época, o FAA (Federal Aviation Administration), órgão dos Estados Unidos similar à brasileira Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), anunciou que irá adotar a atualização, até então prevista para abril, como uma Diretriz de Aeronavegabilidade, requisito obrigatório para o avião poder voar.
Atualizações previstas
Veja abaixo as principais atualizações previstas:
- Limitação no MCAS: O sistema que corrige a inclinação da aeronave deixa de ser tão influente no voo, e os pilotos passam a ter controle total sobre ele (leia abaixo mais sobre o MCAS)
- Mais sensores: O sistema de controle de voo MCAS passa a usar dados de mais de um dos sensores instalados na aeronave
- Treinamento: A empresa irá reforçar os treinamentos oferecidos e a importância do novo sistema, introduzido a partir da linha 737 Max, assim como destacar a maneira de desativar o MCAS
- Alertas: Quando as informações apresentadas pelos sensores da aeronave foram diferentes entre si, um alarme irá soar na cabine para avisar os pilotos
Novos testes
A empresa realizou voos de teste com a versão atualizada dos sistemas da aeronave na segunda-feira (25), mas ainda precisa de autorização da FAA para os 737 Max voltarem à ativa.
Leia também:
- Boeing convoca sessão informativa sobre planos para o 737 Max
- Sistema polêmico do Boeing 737 Max exige treino extra de pilotos no Brasil
Foram convidados cerca de 200 pilotos, além de técnicos e reguladores para participarem de uma reunião nesta quarta-feira (27) na unidade de Renton (EUA) da Boeing, onde foram debatidos os próximos passos para a aeronave poder voltar a voar. A reunião também tem o objetivo de conquistar a confiança dos pilotos na aeronave e ouvir recomendações da comunidade aeronáutica.
A reunião é um sinal de que a atualização de software planejada pela Boeing está perto de ser distribuída, embora ainda precise de aprovação regulatória.
Sistema polêmico
O principal alvo da atualização é o MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System, ou, Sistema de Aumento das Características de Manobra). De maneira simplificada, o MCAS atua para evitar que o avião entre em situação de estol, ou seja, perca velocidade e sustentação e comece a cair. Para isso, o sistema baixa o nariz da aeronave lentamente para um ângulo seguro.
O MCAS é ativado automaticamente quando o piloto automático está desligado, quando a aeronave está com o nariz muito elevado, quando está sendo realizada uma curva muito inclinada etc. A partir de agora, caso o piloto interfira nos controles da aeronave enquanto o MCAS estiver ativo, o sistema de controle de voo será desativado e só voltará a atuar caso seja detectada novamente uma inclinação que possa levar a aeronave a entrar em situação de estol.
A Boeing disse que a atualização vai resolver o problema de eventuais leituras erradas do sistema. Além disso, haverá mudanças no display dos pilotos e nos manuais de operação e treinamento da tripulação.
Atualização em aeronaves
Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, as atualizações dos sistemas de uma aeronave costumam ser feitas, na maioria das vezes, de três maneiras: por meio de um pen drive, com um notebook ou usando disquetes de 3,5 polegadas.
Estes mecanismos podem parecer antigos frente às tecnologias mais recentes, como o wi-fi e o bluetooth, mas isso é só mais uma garantia de segurança das aeronaves.
Todos os sistemas e equipamentos dos aviões são testados e homologados para conseguirem operar nas mais diversas condições, como climas extremos, por exemplo.
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