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Aeroportos da Infraero têm, na média, avaliação melhor que os privatizados

Vinícius Casagrande

15/03/2019 12h19

Pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo (Vinícius Casagrande/UOL)

Entre 20 aeroportos brasileiros, o melhor avaliado pelos passageiros é o de Viracopos, em Campinas (SP), privatizado em 2011. Porém, os aeroportos administrados pela Infraero têm, em média, uma avaliação melhor do que os terminais que foram privatizados, segundo pesquisa feita pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, ligada ao Ministério da Infraestrutura.

O aeroporto de Viracopos teve nota 4,8. Porém, se considerada a nota média de todos os terminais administrados pela Infraero versus a nota média dos privados, os que são geridos pela estatal se saem melhor: 4,45 contra 4,36. Veja mais abaixo as notas dadas aos 20 aeroportos pesquisados.

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O governo federal realizou hoje uma nova rodada de privatização, que inclui 12 aeroportos divididos em três blocos. Além de diminuir a participação estatal, o governo avalia que a iniciativa privada pode melhorar a qualidade dos serviços prestados e reduzir custos.

Privatizado, aeroporto de Florianópolis decepciona

A Secretaria Nacional de Aviação Civil adota a nota quatro como a meta mínima para um aeroporto ser considerado satisfatório. No último levantamento com 20 aeroportos, apenas o terminal de Florianópolis (SC), privatizado em março de 2017, não atingiu essa meta: teve nota 3,9.

A pesquisa ouviu 19.890 passageiros nos 20 maiores aeroportos brasileiros, que avaliaram 38 indicadores de satisfação.

Essa pesquisa é feita desde 2013. No primeiro levantamento, feito em 15 aeroportos, 69% dos usuários consideravam os terminais bons ou muito bons, com uma nota média de 3,86 (em uma escala de zero a cinco). Na pesquisa do último trimestre de 2018, o índice de satisfação de 20 aeroportos chegou a 90%, com nota média de 4,39.

Preços altos de comida e estacionamento são principal crítica

Entre os itens avaliados na pesquisa, os três com pior avaliação foram os preços de lanchonetes e restaurante, lojas e estacionamentos. Nesses quesitos, os privatizados se saem pior que os administrados pelo governo.

No quesito custo-benefício do estacionamento, dos cinco piores avaliados, quatro são privatizados. No item custo-benefício de lanchonetes e restaurantes, os aeroportos privados ocupam três das cinco últimas posições. Todos receberam nota abaixo de três em uma escala de zero a cinco.

Por outro lado, os itens melhor avaliados estão relacionados a atendimento, tempo de fila e nível das informações. No quesito cordialidade e prestatividade dos funcionários do check-in, os aeroportos privatizados lideram o índice de satisfação. O mesmo acontece com o tempo de fila para o check-in e emigração.

Melhoria começou após a privatização, diz especialista

Especialista ouvido pela reportagem aponta que a melhoria dos aeroportos brasileiros começou após as primeiras privatizações. O processo teve início em 2011, com a concessão para construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal (RN). No ano seguinte, foi a vez dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos, em Campinas (SP), e Brasília (DF) serem transferidos para a iniciativa privada.

Os aeroportos investiram na construção de novos terminais, aumento das pontes de embarque, ampliação dos estacionamentos de carros e aviões, além do conforto para os passageiros. "Os serviços melhoraram imensamente e isso só foi possível quando começaram as concessões", afirmou o engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo e aeroportos da Escola Politécnica da USP, Jorge Eduardo Leal Medeiros.

Crise econômica e Lava Jato

As primeiras privatizações aconteceram em um momento de euforia para o setor aéreo brasileiro. Em uma década, entre 2002 e 2012, o país praticamente triplicou o número de passageiros transportados. Saltou de 31 milhões, em 2002, para 88,7 milhões, em 2012. Somente em 2010, o setor registrou crescimento de 22,8%.

Após as concessões, no entanto, veio a crise econômica, e algumas das empresas que venceram os leilões se viram envolvidas nas investigações da Lava Jato. O ritmo de crescimento do número de passageiros caiu bruscamente, inclusive com uma retração de 7,8% em 2016, afetando as perspectivas de receitas das empresas.

O caso mais emblemático é do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Depois de investir R$ 3 bilhões e acumular dívidas, os acionistas decidiram devolver a concessão ao governo em 2017. O processo ainda está em andamento.

Os primeiros contratos de concessão previam investimentos independentemente do número de passageiros. "Foi uma falha exigir das concessionárias os investimentos sem estar atrelados a um gatilho ligado ao crescimento da demanda de passageiros. Em Viracopos, há um terminal novo que trabalha com grande ociosidade", afirmou o professor da USP.

Outro problema nas primeiras rodadas de concessões, segundo o especialista, foi a participação de 49% da Infraero, algo que já foi retirado desde a quarta rodada de privatização, em março de 2017.

A rodada de leilões ocorrida nesta sexta-feira (15) é o quinto lote de privatizações dos aeroportos. O Brasil conta com dez terminais administrados pela iniciativa privada e a intenção do governo federal é que todos sejam privatizados até 2021, quando deve ocorrer a extinção da Infraero.

Veja as notas dos 20 maiores aeroportos brasileiros:

  • Campinas: 4,80
  • Curitiba: 4,75
  • Confins: 4,61
  • Vitória: 4,58
  • Goiânia: 4,53
  • Manaus: 4,53
  • Maceió: 4,51
  • Galeão: 4,45
  • Recife: 4,44
  • Brasília: 4,43
  • Santos Dumont: 4,41
  • Natal: 4,39
  • Guarulhos: 4,35
  • Congonhas: 4,34
  • Cuiabá: 4,33
  • Porto Alegre: 4,32
  • Salvador: 4,19
  • Fortaleza: 4,14
  • Belém: 4,09
  • Florianópolis: 3,90

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