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Boeing 737 Max8, que teve 2 acidentes em 5 meses, possui sistema polêmico

Alexandre Saconi

11/03/2019 20h27

Novo modelo da Boeing já conta com cerca de 5.000 pedidos realizados, e 350 aeronaves entregues (Divulgação)

A nova geração de um dos aviões comerciais mais vendidos no mundo, o Boeing 737 Max, realizou seu primeiro voo em 2016, e traz diversas inovações em relação aos seus modelos anteriores. Concorrente direto do Airbus A320neo, a aeronave também conta com mudanças em sua aerodinâmica, operação e consumo.

Entretanto, dois acidentes envolvendo o Max nos últimos cinco meses trouxeram à tona a segurança desta aeronave.  A queda no final de semana na Etiópia e a ocorrida em outubro de 2018 na Indonésia deixaram 345 mortos ao todo. Ele tem um modelo de manobra considerado polêmico. Há suspeitas, mas não se sabe se isso poderia causado os acidentes. A Boeing disse lamentar o acidente e que acompanha as investigações (leia nota da empresa no final deste texto).

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5.000 pedidos do modelo já foram feitos

A família 737 Max é dividida em quatro modelos principais: Max 7, Max 8, Max, Max 9 e Max 10, com valores entre R$ 383 milhões (US$ 99,7 milhões) e R$ 518 milhões (US$ 134,9 milhões), dependendo do modelo e da configuração, segundo informações da Boeing.

O número máximo de assentos vai de 172 (Max 7) a 230 (Max 10), e o alcance pode chegar a 7.130 km, a uma velocidade de cruzeiro de 839 km/h.

Em janeiro, o modelo contava com cerca de 5.000 pedidos e já haviam sido entregues 350 dessas aeronaves.

Sistema polêmico de manobra

Uma das novidades da linha Max tem sido alvo de diversas observações no meio da aviação. Cogitou-se que o MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System, ou, Sistema de Aumento das Características de Manobra) teria alguma influência no acidente da Lion Air em outubro de 2018, na Indonésia.

Entretanto, o relatório preliminar sobre a queda indicou que houve uma série de problemas com a leitura da velocidade do ar e da altitude pelos instrumentos dias antes do acidente.

De maneira simplificada, o MCAS atua para evitar que o avião entre em situação de estol, ou seja, perca velocidade e sustentação e comece a cair. Para isso, o sistema baixa o nariz da aeronave lentamente para um ângulo seguro.

Ele é ativado automaticamente quando o piloto automático está desligado, quando a aeronave está com o nariz muito elevado, quando está sendo realizada uma curva muito inclinada etc.

Suspeitas precisam ser confirmadas

Especula-se que este sistema teria mudado a pilotagem da aeronave, resultando na queda em outubro. Entretanto, ainda é necessário aguardar o relatório final sobre a queda do avião da Lion Air, esperado para este ano ainda.

Associações de pilotos americanos chegaram a manifestar preocupação sobre como este novo sistema funcionaria, alegando que a empresa não teria fornecido informações suficientes sobre o MCAS.

A Boeing informou em nota à época que forneceu atualizações às empresas aéreas sobre o novo sistema de segurança, e que está confiante sobre a capacidade da aeronave.

Telas maiores e menos gasto de combustível

A série Max tem algumas outras diferenças em relação às gerações anteriores. Na cabine de comando, destacam-se as telas maiores, com 15 polegadas (38 centímetros). Esse diferencial é importante em uma aviação que cada vez mais usa as telas para manter a tripulação informada sobre o que se passa na aeronave.

O painel do 737 Max é mais amplo, com telas maiores, permitindo um melhor acesso às informações da aeronave pelos pilotos (Divulgação)

A mudança nos materiais que compõem a aeronave também representa uma melhora energética. No motor, um modelo LEAP-1B, as blades ("pás" que movimentam o ar) são feitas de fibra de carbono, com bordas em titânio, o que garante uma maior leveza em comparação com os modelos feitos de alumínio ou aço inoxidável. Isso representa menos combustível gasto com o tempo e maior resistência a impactos.

A ponta da asa também traz um diferencial em relação aos demais modelos da companhia. Com aproximadamente 3 metros de altura, os winglets (dispositivos que diminuem o arrasto do ar e melhoram a performance da aeronave) são bifurcados, esticando uma ponta da asa para cima e outra para baixo.

Na ponta das asas, novos modelos de winglets, agora bifurcados, buscam economizar combustível, diminuindo o arrasto causado pelo ar (Divulgação)

O interior da aeronave tem novo design e pode ser dividido em duas classes (Divulgação)

Voos suspensos no exterior e no Brasil

Após os dois acidentes, autoridades da China, Indonésia e Etiópia suspenderam novos voos com o Boeing 737 Max 8, mesmo modelo que caiu no domingo na Etiópia. Entre as companhias aéreas brasileiras, apenas a Gol opera o 737 Max. A empresa também anunciou a suspensão das operações com o modelo.

Boeing diz que acompanha investigações

Em nota, a Boeing diz lamentar o acidente e que irá acompanhar as investigações. Leia a íntegra:

"É com profunda tristeza que a Boeing recebe a notícia da morte dos passageiros e tripulantes do voo 302 da Ethiopian Airlines, a bordo de um Boeing Max 8. Oferecemos nossas condolências às famílias e amigos dos passageiros e tripulantes e estamos à disposição para apoiar a equipe da Ethiopian Airlines. Uma equipe técnica da Boeing irá ao local do acidente para fornecer assistência técnica sob a direção do Departamento de Investigação de Acidentes da Etiópia e do Departamento Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA."

Sobre o blog

Todos a Bordo é o blog de aviação do UOL. Aqui você encontra notícias sobre aviões, helicópteros, viagens, passagens, companhias aéreas e curiosidades sobre a fascinante experiência de voar.