Quando o avião precisa ‘tomar banho’ quente com líquido laranja e verde?
Por Vinícius Casagrande
Em dias de nevasca, comuns nesta época do ano nos Estados Unidos, os aviões precisam passar por um processo de descongelamento instantes antes da decolagem para retirar a neve e o gelo acumulados sobre a fuselagem.
Quando todos os passageiros já estão devidamente acomodados em seus assentos, pelo menos dois caminhões se aproximam para dar um banho quente no avião. Para isso, é utilizado um líquido verde ou laranja.
O processo dura somente alguns minutos, mas é essencial para garantir a segurança do voo.
Os danos causados pelo gelo
Para voar, um avião depende do desenho aerodinâmico das asas e dos estabilizadores presentes na cauda da aeronave. Quando há neve ou gelo acumulado, esse desenho é alterado e pode influenciar na sustentação do avião.
O gelo também pode se acumular nas partes móveis do avião, como ailerons e profundor, e impedir seu correto funcionamento. Outro problema é a obstrução da entrada de ar em sensores como o tubo de Pitot, responsável por medir a velocidade do avião. Sem as orientações corretas, o piloto pode perder totalmente o controle do avião.
Degelo e anticongelante
O material aplicado é um fluido aquecido a uma temperatura de cerca de 80º C. O líquido é composto de uma grande concentração de Propilenoglicol – além de agir como um anticongelante, esse composto também é usado como hidratante em cosméticos, por exemplo.
Para fazer o descongelamento do avião, primeiro é aplicado o fluido laranja. Dependendo da temperatura ambiente, ele pode ser misturado com água. Quanto mais frio, menos água é utilizada. São aplicados cerca de 200 litros do fluido para descongelar um avião.
Se após o descongelamento estiver nevando ou com chuva de gelo, é aplicado o fluido verde, também composto de Propilenoglicol mas sem água na sua composição. Ele cria uma película anticongelante para proteger o avião até a decolagem. O efeito dura cerca de uma hora.
Durante o banho, o sistema de ventilação do avião é desligado. Embora o fluido não seja tóxico, a intenção é evitar que o odor entre na cabine de passageiros.
Em voo, é sempre frio
Depois que o avião decola, o ar externo fica cada vez mais frio. A relação é de queda na temperatura de 1º C a cada 150 metros que o avião sobe.
Um avião comercial costuma voar a uma altitude média de 10 mil metros. Com isso, a temperatura na altitude de voo pode ser mais de 60º C mais fria do que em relação ao nível do mar. Por isso, a prevenção à formação de gelo em voo é importante independentemente da época do ano.
Sistema de prevenção de gelo em voo
Para prevenir a formação de gelo em altitudes elevadas, os aviões contam com sistemas instalados nas asas, na cauda, na entrada do motor e em diversos sensores instalados na fuselagem.
Nos aviões maiores, são utilizados sistemas de aquecimento da superfície do avião, que incluem jatos de ar quente provenientes do motor. Nos aviões menores, é mais comum encontrar colchões de ar nas asas e na cauda. Eles são constantemente inflados para quebrar o gelo assim que ele é formado.
E no calor?
As altas temperaturas também influenciam diretamente na performance de decolagem. Um avião precisa de ar para a potência dos motores e ter sustentação em voo.
No entanto, em dias quentes a densidade do ar diminui, deixando as partículas mais dispersas e o ar mais rarefeito. É o mesmo que acontece em locais de altitude mais elevada, como La Paz, na Bolívia, por exemplo. Com isso, os motores perdem potência.
O resultado é que os aviões precisam percorrer um pedaço de pista maior para decolar. Em pistas curtas, a solução é diminuir o peso do avião, retirando passageiros ou carga.
Outro problema do calor é que nos dias quentes a turbulência costuma ser um pouco mais forte. Como o ar quente sobe, isso cria mais instabilidade no ar e provoca o desagradável balanço do avião.
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