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Piloto mais jovem do Reino Unido tem 19 anos; isso é possível no Brasil?

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09/07/2016 06h00

Imagem: Reprodução/EasyJet

Imagem: Reprodução/EasyJet

Na semana passada, um jovem de 19 anos tornou-se o piloto profissional mais jovem a trabalhar no Reino Unido, de acordo com a Autoridade Civil do Reino Unido (CAA, sigla em inglês). Luke Elsworth foi contratado pela EasyJet, companhia aérea de baixo custo da Europa, e pilotará aviões Airbus A319 e A320.

Elsworth entrou no curso de formação de pilotos apenas nove dias após completar 18 anos. Em um ano e meio ele cumpriu o treinamento, que incluía seis meses em simuladores e um voo em uma aeronave leve.

O primeiro voo do jovem piloto foi do aeroporto de Gatwick (Londres) para Toulouse (sul da França). Segundo Elsworth, o voo foi "incrível" e ele sentiu-se "confortável e tranquilo".

Como é a formação?

Tornar-se piloto de uma companhia aérea com apenas 19 anos é algo possível, mas não é comum no Brasil (e no resto do mundo), de acordo com especialistas ouvidos pelo UOL.

"No Brasil, é possível ser piloto comercial com essa idade [19 anos], dependendo de como o aluno se programou entre os 18 e os 19 anos para completar o curso", explica Priscila Dower, membro da Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (Abrapac).

Até chegar à posição, como Elsworth, é preciso passar por uma série de cursos teóricos e práticos, incluindo um longo pacote de horas de voo (que ultrapassa 200 horas), além de provas e certificações.

De maneira geral, o primeiro passo é tornar-se piloto privado. Embora não exija curso teórico, quem optar por fazê-lo levará em torno de seis semanas. Depois, é preciso cumprir o mínimo de 35 horas de voos. O "check", como é chamado uma espécie de prova final, só pode ser feito aos 18 anos.

O segundo passo é ter a "carteira" de piloto comercial. Para isso, é preciso fazer um curso teórico que dura até quatro meses. Depois, mais 150 horas de voos. Só depois de algumas certificações e outras avaliações, é possível se candidatar a uma vaga em uma companhia aérea. Algumas exigem comprovação de 250 horas de voo. 

Assim que aceito, o piloto deve fazer novos cursos, passar por testes em simuladores e voos regulares com supervisão.

Custa em torno de R$ 140 mil

"Para cumprir todos os passos em um tempo tão curto, como foi o caso desse piloto do Reino Unido, também é preciso ter disponibilidade financeira", diz Fadi Sami Younes, diretor do Aeroclube de São Paulo.

Segundo Younes, a preparação custa em torno de R$ 140 mil no Brasil. Uma hora de voo em um avião multimotor, por exemplo, custa R$ 1.500, de acordo com o diretor.

Co-piloto e comandante

Embora tanto o comandante quanto o co-piloto tenham a mesma formação, na hierarquia das empresas quem responde pelo voo é o comandante, que tem mais experiência profissional. Ele é a autoridade máxima dentro do avião.

"Quando um piloto entra em uma companhia aérea, sua primeira função, na maioria das vezes, é a de co-piloto. Ele tem os mesmos conhecimentos que o comandante e pode pousar e decolar na maioria dos aeroportos. Para ser comandante, precisa ter acumulado, no mínimo, 1.500 horas de voo", explica Carlos Junqueira, diretor de Operações da Gol. 

É o caso do jovem britânico. Por enquanto, ele é co-piloto. Para chegar a comandante ele terá que esperar um pouco mais –na EasyJet, o tempo de espera pode chegar a oito anos.

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