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Será possível pilotar um avião apenas com a mente?

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29/11/2016 06h00

Imagem: iStock

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Um sistema de controle que responde a comandos mentais, sem que seja necessário nenhum acionamento manual. Uma empresa americana pesquisou durante 12 anos para chegar a este resultado. Sim, existe um avião que pode ser pilotado com a mente.
Mas calma, isso não significa que no futuro teremos aviões comerciais comandados apenas com o poder da mente. Esse cenário de ficção científica envolveria riscos muito altos e baixo retorno para a empresa.

O objetivo da Honeywell Aerospace é usar a pesquisa para melhorar a atuação dos pilotos. Eles poderiam, por exemplo, usar a tecnologia para fazer a verificação de procedimentos, ampliar um mapa e realizar tarefas que não sejam fundamentais.

A explicação foi dada por Santosh Mathan, pesquisador de neurotecnologia da empresa, ao repórter da revista Wired Jack Stewart. Ele foi o primeiro, fora o criador do sistema, a pilotar o turbo-hélice King Air C90 da Beechcraft adaptado para a tecnologia.

Imagem de um teste em voo realizado pela empresa (Divulgação/Honeywell)

Imagem de um teste em voo realizado pela empresa (Divulgação/Honeywell)

A experiência

Sem licença de piloto e sem nenhuma experiência de voo, ele realizou algumas manobras básicas como subir, descer, virar. Sem usar as mãos.

A preparação para o voo incluiu a colocação de uma touca com 32 furos por onde passam os eletrodos que são ligados ao couro cabeludo do piloto. O avião tem uma tela com setas que indicam as quatro direções e um indicador de nível de voo no centro.

Cada comando cerebral é indicado por meio de flashes verdes. A tarefa do piloto é se concentrar na seta que representa a manobra que se quer fazer. Quando o flash está no comando certo, o cérebro cria um sinal elétrico que nem sempre é fácil de detectar.

Concentração

O pesquisador Santosh Mathan perto do King Air usado nos testes (Divulgação/Honeywell)

O pesquisador Santosh Mathan e o King Air usado nos testes (Divulgação)

Para assegurar que está captando um comando intencional e não uma contração muscular dos olhos, o computador espera até registrar vários sinais seguidos. Cada movimento leva pelo menos 10 segundos de concentração pesada, às vezes mais do que isso, conta o repórter. Segundo o criador, o sistema poderia ser calibrado ao cérebro da pessoa para acelerar a resposta.

Mathan afirmou à revista que o verdadeiro potencial do sistema está em pesquisar formas de manter a atenção dos pilotos. "Todos nós sabemos que existem limitações no desempenho do ser humano. Esperamos que o trabalho que estamos fazendo ajude a criar tecnologias mais robustas para monitorar estados cognitivos que podem afetar os pilotos."

Nos vários voos já realizados pela empresa para analisar o sistema, há sempre um piloto a bordo para realizar a decolagem, o pouso, e para levar o avião até a área segura onde os testes são feitos, na região de Seattle, nos Estados Unidos.

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Sobre o blog

Todos a Bordo é o blog de aviação do UOL. Aqui você encontra notícias sobre aviões, helicópteros, viagens, passagens, companhias aéreas e curiosidades sobre a fascinante experiência de voar.