Por que alguns aviões têm as pontas das asas dobradas?
Todos a Bordo
07/03/2017 04h00
Por Vinícius Casagrande
Melhorar a eficiência e reduzir os custos operacionais dos aviões é um desafio constante dos engenheiros aeronáuticos no desenvolvimento de novos modelos. Um dos recursos utilizados para isso são as winglets, uma pequena superfície vertical que dá a impressão de que a ponta da asa está dobrada.
Embora deixe os aviões mais bonitos, sua utilização não tem nada a ver com estética. A winglet é um recurso totalmente aerodinâmico. Sua principal função é reduzir o que a engenharia aeronáutica chama de arrasto induzido.
O que faz os aviões voarem é a diferença de pressão exercida pelo ar nas partes superior e inferior da asa. Em virtude do formato aerodinâmico da asa, a pressão na parte inferior (chamada tecnicamente de intradorso) é maior do que na parte superior (extradorso). Para tentar compensar essa diferença de pressão, o ar que está embaixo tenta passar para o lado superior exatamente na ponta da asa.
Quando isso ocorre, o ar fica turbulento na ponta da asa e a sustentação diminui. Para compensar esse efeito, o avião precisa voar mais inclinado, aumentando o arrasto (resistência ao deslocamento) de todo o avião. Esse efeito é chamado de arrasto induzido. Para manter a performance ideal, o motor precisa ter mais potência, o que aumenta o consumo de combustível.
As winglets servem exatamente para reduzir esse efeito. Com a superfície instalada na ponta da asa, o ar é deslocado para acompanhar o novo desenho aerodinâmico da asa. Dessa forma, a sustentação passa a ser maior e o avião tem menos resistência do ar para se deslocar. Isso faz com que ele precise de menos potência e, consequentemente, consuma menos combustível.
Boeing aposta em novas winglets
A maioria das winglets conta com a estrutura voltada somente para cima. O projeto do novo Boeing 737 MAX, que deve finalizar os testes de voo ainda neste ano, tem uma winglet voltada para cima e para baixo.
Segundo a Boeing, o novo formato permite que o ar flua de forma mais natural pela superfície. A promessa é que a eficiência aumente ainda mais. Aliado a um motor mais moderno, o novo Boeing 737 MAX promete uma redução de combustível de 14% em relação à versão atual.
Além de gerar economia, o novo avião vai permitir que as companhias aéreas façam voos mais longos. Essa é uma das apostas da brasileira Gol, que pretende usar os novos aviões abrir uma rota ligando São Paulo a Miami, nos Estados Unidos, em um voo sem escalas.
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