Norwegian pode ter passagem aérea por US$ 10 no Brasil, mas só em promoção
A companhia aérea norueguesa de baixo custo Norwegian Air começou no domingo os voos ligando o Rio de Janeiro a Londres (Reino Unido). O preço mais baixo para um voo para domingo da semana que vem, retornando na semana seguinte, é US$ 479,80 (R$ 1.870). Essa tarifa não dá direito a comida nem mala. A passagem mais barata na British Airways, com direito a alimentação, mas sem bagagem, custa US$ 1.460,80 (R$ 5.700) para as mesmas datas.
O CEO da Norwegian Argentina, Ole Christian Melhus, que responde pela operação no Brasil, disse em entrevista ao UOL que, assim como na Europa, a empresa poderia oferecer passagens por US$ 5 a US$ 10 (de R$ 19,5 a R$ 39) no Brasil também, mas só como marketing para atrair público, não como preço permanente. Promete, no entanto, preços sempre 30% ou 40% mais baixos nos voos regulares.
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Para chegar a esses preços, a empresa cobra separadamente por cada serviço oferecido, incluindo a alimentação a bordo em voos internacionais de longa distância. Christian defende essa estratégia como uma forma de dar liberdade ao passageiro para pagar somente pelo que ele realmente precisa durante a viagem.
Ele afirmou que a empresa já tem planos de aumentar sua presença no país com um voo entre Buenos Aires (Argentina) e Rio de Janeiro. O novo voo deve ser lançado até o final do ano e será realizado pela subsidiária argentina, que começou a operar em outubro do ano passado.
Com a aprovação no Congresso Nacional do projeto que permite 100% de capital estrangeiro, o Brasil se candidata a receber uma subsidiária da companhia norueguesa para voos nacionais. É um projeto, no entanto, de longo prazo, segundo o CEO da Norwegian. Christian afirmou que o foco no momento é reforçar as operações da Norwegian Argentina.
Veja os principais pontos da entrevista realizada no escritório da empresa, em Buenos Aires.
Todos a Bordo – Qual a expectativa para as operações da Norwegian no Brasil?
Ole Christian Melhus – Nós amamos o Brasil. Temos uma grande campanha na ligação do Brasil para Londres. Os bilhetes estão realmente muito baixos agora [R$ 1.870 ida e volta], e espero que a recepção desse voo seja muito boa para todos, colocando mais passageiros no Brasil também.
Já há previsão para novas rotas?
Temos planos para expandir os voos domésticos na Argentina e na região. Uma conexão de Buenos Aires para o Rio está na nossa agenda. Esperamos esse ano começar os voos.
O Brasil deve ser o primeiro país para o qual a Norwegian voará a partir da subsidiária argentina?
Há uma grande chance para isso.
E há planos de ter voos para São Paulo?
Talvez. A gente nunca sabe, mas estamos em negociação.
Por que a Norwegian escolheu o Rio de Janeiro?
O Rio de Janeiro é uma cidade que os europeus associam como um lugar fantástico para ir. Da nossa posição, vemos que para voar de Londres os preços são geralmente altos e aí que queremos fazer algo a respeito. Tem um mercado para a gente oferecer aos brasileiros e europeus tarifas baixas entre essas duas cidades.
O Brasil abriu o mercado para empresas estrangeiras. Vocês têm alguma intenção de operar voos domésticos no Brasil no futuro?
Você nunca sabe na Norwegian. Há cinco anos, quem iria imaginar que estaríamos na Argentina? Estamos olhando todas as possibilidades em todos os países e não estamos excluindo nada nesse estágio. Nesse momento, estamos trabalhando com diversos cenários e oportunidades. O objetivo do momento é na Argentina.
Você acha que o mercado brasileiro já está saturado ou há espaço para uma nova companhia aérea?
O mercado brasileiro é grande, com uma população grande e muitos aeroportos. Então, claro, tem potencial, mas a competição no Brasil é mais difícil do que em muitos países. O Brasil tem grandes companhias aéreas, mas somos uma companhia de baixas tarifas com uma base de baixo custo e temos a oportunidade de crescer no Brasil.
Você diz que a Norwegian não é uma companhia aérea de baixo custo, mas de baixa tarifa. Qual a diferença?
Acho que, na América do Sul, muitas pessoas associam o termo baixo custo com economizar dinheiro nas áreas erradas, e esse é o principal argumento por que não gosto de usar o termo baixo custo. Nós somos uma companhia muito efetiva, focada na transformação digital, tecnologia, processos eficientes e aviões novos, mas o foco principal é investir em segurança. Não economizamos nenhum dinheiro na segurança e nos padrões de treinamento. Algumas pessoas acusam as companhias aéreas de baixo custo de não fazer isso, e é por isso que gosto de distinguir o baixo custo da baixa tarifa.
Mas e o serviço?
Nós temos um portfólio de serviço com o [Boeing 787] Dreamliner com assentos premium, que é pago com uma tarifa de baixo custo, que prefiro chamar de baixa tarifa. Temos um produto fantástico para oferecer. Nossa filosofia é ter preços baixos, e você escolhe o que vai pagar dependendo das suas necessidades, em vez de pagar um preço alto no qual está tudo incluído.
Essa é uma mudança de cultura, porque até então os passageiros estavam acostumados a ter todos os serviços incluídos. Como você acha que será a recepção dos passageiros a esse conceito?
Eu acho que todo mundo gosta da liberdade de escolha. Se alguém puder conseguir uma passagem realmente barata, talvez seja mais importante se sentir seguro a bordo e poder escolher se paga para selecionar o assento ou se compra ou não o café. Talvez a pessoa não beba café, e para que pagar por isso? Acho que é a forma mais justa, porque nem todo mundo está na mesma fase da vida. Os estudantes querem economizar o máximo possível e gastar em algo que importa mais para eles, enquanto as pessoas mais maduras podem querer todos os serviços e escolhem pagar por isso. A livre escolha é essencial.
Com esse conceito, quanto a companhia pode baixar o preço das passagens?
Temos, geralmente, preços mais baixos que muitas companhias no nível básico. Nos voos de longa distância, somos de 30% a 40% mais baratos e nos assentos premium até metade do preço. Isso é realmente algo que ajuda a promover a companhia. Mas é uma questão difícil de responder, porque, como em todas as companhias, quanto antes comprar o bilhete mais barato vai ser.
Quando o brasileiro ouve baixa tarifa, imagina preços como os da Ryanair, por exemplo, que costuma oferecer passagens por cinco euros na Europa. É possível ter esses preços no Brasil?
Sim. Em geral, em campanhas de marketing, você verá bilhetes de US$ 5 (R$ 20) ou US$ 10 (R$ 40), principalmente para promover e dar às pessoas a oportunidade de testar o produto. Nós acreditamos que temos um produto bom. Então, se as pessoas testarem, elas voltarão a voar com a gente, porque temos um bom produto. Essa é uma forma para estimular o cliente.
Mas então isso é só marketing e não uma forma sustentável de operar?
Não acho que 100% dos bilhetes podem ser vendidos com uma tarifa de US$ 10. O que acredito, de verdade, é que as primeiras pessoas que comprarem vão ter o melhor preço. É assim que você verá os preços realmente muito, muito baixos. E sobre ser sustentável, sempre haverá pessoas comprando na última hora ou quando o avião já estiver quase cheio, quando o preço já subiu. Por isso, temos os preços mais baixos e outros mais caros.
A Norwegian também já recebeu autorização para operar voos entre Espanha e Peru. O que levou esse interesse em relação à América do Sul?
Nós não temos voos aqui, exceto na Argentina e agora no Brasil. Como uma companhia global, é natural continuar crescendo. Vemos uma grande chance para ligar as grandes cidades da Europa com a América do Sul. Há uma grande oportunidade para oferecer um bom produto a bom preço. É uma região com tarifas altas, e para nós será lucrativo. É um ganha-ganha.
A Norwegian pretende fazer acordo com alguma companhia aérea brasileira para conectar o voo Rio-Londres com outras cidades?
Nós sempre avaliamos isso. Não posso dizer muito nesse momento, mas pode ser um caminho natural. Não vamos dizer nunca, e é sempre interessante ver como podemos conectar e oferecer o melhor produto aos passageiros. Poderia ser começando a nossa própria companhia aérea no Brasil ou uma parceria com outra companhia aérea no longo prazo.
Quais são as chances de a Norwegian ter a sua própria companhia aérea no Brasil?
É uma pergunta difícil. É impossível responder isso. Estamos focados na Argentina para continuar o sucesso que tivemos aqui. Depende de muitos fatores, como economia, a situação política, as regulações e quanto disposto o governo vai estar para permitir que haja o investimento. Mas eu realmente acho que vamos ter outras companhias aéreas na América do Sul, com certeza.
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