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Parede de aço e concreto faz barreira de som para teste de avião em SP

Vinícius Casagrande

23/03/2019 04h00

A Latam inaugurou no início do ano um novo centro de manutenção dentro do aeroporto de Guarulhos (SP). A principal inovação do local foi a construção de um sistema inédito no Brasil para permitir que a empresa faça testes de motores a qualquer hora do dia ou da noite. É uma parede acústica de aço e concreto, que desvia e reduz o barulho para incomodar menos os vizinhos. Veja o vídeo acima.

Quando um motor precisa passar por reparos, como troca de alguma peça, resolver algum tipo de vazamento ou corrigir problemas causados por entrada de algum objeto ou pássaro, o motor é retirado da asa e substituído por outro reserva. Isso é feito para que o avião fique parado o menor tempo possível.

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Antes de o motor voltar a ser usado, no entanto, é necessário fazer alguns testes para ver se tudo está funcionando normalmente. Durante o teste, o motor é ligado e acelerado entre 80% e 100% da potência máxima para que os mecânicos avaliem todas as condições de funcionamento.

O problema é que um motor em potência máxima gera um barulho muito forte. A cerca de 300 metros do novo centro de manutenção da Latam há um bairro residencial, o que restringiria os horários permitidos para os testes.

Barreira acústica de concreto tem 17 metros de altura e 88 de comprimento (Vinícius Casagrande/UOL)

Barreira reduz incômodo para vizinhos

Os motores de um avião Airbus A350-900, por exemplo, geram cerca de 110 decibéis de ruído, o equivalente a estar próxima à caixa de som em um show de rock. A barreira acústica barra boa parte da disseminação de som. Com apenas alguns passos de distância, a medição atrás da barreira acústica registra cerca de 85 decibéis, equivalente a som de um despertador. O número parece pouco, mas o alívio para os ouvidos é grande, como constatou a reportagem do Todos a Bordo.

"Com isso, vamos atingir no bairro, que é uma área residencial atrás da barreira, os níveis de ruído aceitáveis para uma área urbana. O ruído que chega na comunidade é igual ao ruído urbano normal", afirmou Sérgio Novato, diretor de manutenção da Latam.

Sem essa barreira, os testes tinham de ser feitos em áreas livres do aeroporto, como as pistas de manobra dos aviões. O problema é que a empresa dependia de autorização da torre de controle para não atrapalhar o fluxo do tráfego aéreo.

A primeira camada é feita por uma barreira defletora, que joga os gases para o alto (Vinícius Casagrande/UOL)

17 m de altura e 88 m de comprimento

A barreira acústica é formada por duas camadas. Na primeira parte, foi instalada uma barreira defletora. Ela serve para desviar para o alto a maior parte dos gases expelidos pelos motores e parte das ondas sonoras.

Construída em aço galvanizado, essa barreira tem uma fundação de cerca de 30 metros para aguentar a força do deslocamento de ar gerado pelos motores. Os aviões de grande porte geram uma força de até 100 mil libras (45,3 mil quilos).

A segunda camada é feita pela barreira acústica propriamente dita. Trata-se uma parede de 17 metros de altura e 88 metros de comprimento feita de concreto. A parte frontal da parede é revestida com uma tela que protege as mantas acústicas que ajudam a reduzir o ruído.

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