Pneu de avião custa US$ 2.500 e pode ser recauchutado até 11 vezes
Por Vinícius Casagrande
Os pneus dos aviões são uma peça fundamental para garantir a segurança dos pousos e decolagens. Eles precisam sustentar diversas toneladas, garantir o alinhamento na pista e ainda gerar velocidade ao avião.
"Essa é principal diferença entre os pneus de aviões e os pneus dos carros. Na aviação, o pneu precisa suportar alta carga e alta velocidade. Um pneu automotivo nunca suporta os dois ao mesmo tempo. Suporta alta carga a baixa velocidade ou tem alta velocidade com baixa carga", afirma Luís Fernando Miranda, gerente sênior de vendas e assistência técnica para a América Latina da Goodyear.
Para ter essa característica, o pneu aeronáutico é fabricado totalmente com borracha natural, feita do látex da seringueira (no mercado automotivo é usada borracha sintética, feita de derivados do petróleo). O desenho da banda de rodagem (área externa que entra em contato com o asfalto) também é bem diferente. Enquanto um pneu de carro é todo "riscado", o pneu de avião tem apenas linhas transversais. "No carro, o pneu precisar gerar tração. No avião, ele é apenas direcional", diz Miranda.
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As diferenças são evidentes também na estrutura do pneu. Os utilizados na aviação são extremamente duros. Na calibragem, os pneus ficam ainda mais resistentes. Um pneu automotivo com aro de 16 polegadas, usado em carros de passeio, utiliza calibragem média de 30 psi. Um pneu aeronáutico de mesmo tamanho, usado, por exemplo, no jato executivo Legacy 500, tem calibragem de 150 psi. No caso dos pneus de um Boeing 777, a calibragem chega a 235 psi.
Pneu dura menos de um mês
Os pneus de avião têm vida curta. Apesar da baixa quilometragem, eles sofrem um forte desgaste. Durante o pouso, ao tocar o solo os pneus soltam bastante fumaça. O atrito em alta velocidade (mais de 250 km/h) queima a borracha do pneu.
A durabilidade média de um pneu é de cerca de 250 voos. Os aviões comerciais, especialmente os usados em voos mais curtos, podem fazer até dez voos por dia. Com isso, os pneus do avião duram apenas 25 dias.
As companhias aéreas precisam de um grande investimento para manter os pneus sempre em ordem. O preço de um pneu que equipa os jatos comerciais varia entre US$ 1.500 (R$ 6.200) e US$ 2.500 (R$ 10,3 mil). O maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380, por exemplo, tem 22 pneus para sustentar até 575 toneladas no solo. Só de pneus, são US$ 55 mil (R$ 226,7 mil).
Pneu pode ser recauchutado até 11 vezes
Quando o pneu está 100% careca, algo que acontece depois de cerca de 250 voos, ele não precisa ser descartado. A estrutura dos pneus convencionais dos aviões é feita para suportar até 11 recauchutagens. Já os pneus do tipo radial podem ter quatro recauchutagens (a diferença entre eles é a posição das lonas internas de borracha). Nem todos, no entanto, conseguem sobreviver por tanto tempo.
"Quando chega um pneu na nossa oficina, ele passa por uma série de testes para averiguar suas condições. Se aprovado, ele pode ser recauchutado. Alguns até chegam a 11 recauchutagens, mas a média atual dos convencionais é de quatro. Os radias têm média de duas recauchutagens", afirma Miranda.
O gerente da Goodyear afirma que cerca de 80% dos pneus em operação na aviação comercial são recauchutados. "O pneu recauchutado sai da oficina por 30% do preço de um novo, mas exatamente com o mesmo desempenho", afirma. Quando não é possível mais fazer a recauchutagem, os pneus são enviados para a reciclagem.
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