Peça de avião feita com impressora 3D precisa de três certificações
A imagem que você vê acima é de um suporte que prende o assento retrátil dos comissários à fuselagem de aeronaves como a A350 XWB. Nada excepcionalmente high tech, portanto. Ainda assim, há pôsteres dessa peça em diferentes locais do complexo fabril da Airbus em Hamburgo, na Alemanha. Isso porque o suporte foi fabricado com uma impressora 3D, após dois anos e meio de estudos e testes. "Uma criação do tipo precisa passar por três certificações antes de ser implantada: a da impressora, a do material e a da peça em si", explica o gerente de inovação da empresa, Michael Sillus.
Feito de titânio, com inspiração em "formas da natureza", o suporte intitulado FCRC representa uma economia de peso de 30% em relação à versão anterior, fabricada convencionalmente. De acordo com Sillus, a peça também tem se mostrado mais resistente que a antecessora, além de ser fabricada de forma mais rápida e econômica. A experiência bem-sucedida com o FCRC deve inspirar novas incursões da aviação com impressoras 3D.
Para Fausto Mascia, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, o potencial de emprego dessa tecnologia é enorme na aviação. "Uma das principais vantagens é a leveza dos materiais empregados, reduzindo consideravelmente o peso das peças utilizadas na montagem da aeronave", diz. Outra vantagem, segundo o professor, é a economia em volume de material.
Segurança e resistência
Técnicas de fabricação tradicionais, como a usinagem ou com emprego de moldes, demandam mais matéria-prima do que o volume final do produto em questão. No caso da usinagem, uma peça é produzida em um volume propositalmente maior, para que seja "talhada" no formato ideal. Quando se usam moldes, parte da matéria-prima acaba ficando nos canais de alimentação.
Por outro lado, destaca o professor, é preciso tomar muito cuidado com produtos inflamáveis – um ponto crítico para o design de produtos na aviação. Testes rigorosos de resistência também precisam ser realizados antes que uma nova peça seja incorporada à aeronave. Ainda assim, afirma Mascia, a impressora 3D funciona hoje como um grande incentivo à inovação no setor.
Além das vantagens já citadas, fica mais barato e prático criar um protótipo (produto novo, feito para ser testado), sem a necessidade de se produzir antes uma peça moldada em cera, para só então ser criada em metal e, por fim, receber o acabamento necessário. Hoje, com o projeto e o material, a impressora 3D cuida do resto sozinha.
Leandro Quintanilha – leandroq@gmail.com
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