Satélites e vento redefinem mapa aéreo, e rotas no país encolhem 50 mil km
As rotas aéreas não são simples trajetos em linha reta, que cruzam o céu de um ponto a outro, mas percursos específicos, padronizados, definidos com base em critérios técnicos. Para traçar cada aerovia, os especialistas consideram variações topográficas, a direção do vento e o tráfego aéreo, entre outras influências. Por isso, com o aprimoramento dos satélites e as experiências acumuladas de voo, essas "estradas virtuais" podem ser redesenhadas de tempos em tempos, como vem ocorrendo neste ano com o mapa aéreo brasileiro.
Até o fim de 2015, as rotas aéreas do país devem ter uma redução acumulada de 50 mil quilômetros, com base nas 69 novas cartas aeronáuticas, de voos domésticos e internacionais, publicadas neste ano pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), braço do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Ao todo, 180 rotas passarão por alterações em seu traçado para otimizar o fluxo do tráfego aéreo, por meio de um trabalho colaborativo entre o ICA e as companhias.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a diminuição de 50 mil quilômetros equivale a 60 voos a menos por mês, ao se considerar a média mensal de mais de 64,5 milhões de quilômetros voados em 2013 (o processo de redesenho implementado agora começou em 2014). Essa redução deve gerar impactos positivos no consumo de querosene, nas emissões de gases e no tempo de voo.
"Para o passageiro, a redução da viagem pode variar de 3 a 10 minutos", explica o comandante Paulo Roberto Alonso, consultor de segurança de voo da Abear. Naturalmente, esse tempo também é influenciado pela potência das aeronaves. O redesenho das rotas é realizado por meio de informações mais precisas obtidas por navegação via satélite. A maior parte das novas rotas já foi implementada (140 de um total de 180), como os trechos entre São Paulo/Rio de Janeiro, São Paulo/Brasília e Rio de Janeiro/Brasília.
Alonso explica que alteração das aerovias não é um processo demorado. Para que uma mudança ocorra, é necessário apenas que as companhias tenham tempo de realizar as devidas programações nos computadores das aeronaves. Com os novos dados incluídos nos sistemas dos aviões, o reconhecimento das aerovias ocorre automaticamente, como em uma atualização de dados de GPS.
O ICA trabalha com dois tipos importantes cartas de navegação: as Cartas de Navegação Visual (VFR – Visual Flight Rules) e as Cartas de Navegação por Instrumentos (IFR – Instrument Flight Rules). Além das cartas, o órgão produz e publica, em meios impressos e digitais, mapas e manuais com orientações detalhadas para voos no país.
Leandro Quintanilha – leandroq@gmail.com
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