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Bombeiros têm 90s para agir em acidente aéreo; veja simulação em Guarulhos

Vinícius Casagrande

06/12/2018 04h00


Um Airbus A330 avisa à torre de controle do aeroporto de Guarulhos (SP) que está se aproximando para o pouso com fogo no motor. Imediatamente, os bombeiros são avisados da situação de emergência e se preparam para agir. Quando o avião pousa, acaba derrapando, sai da pista principal e para somente na pista de táxi, com diversos passageiros feridos. Esse foi o cenário de um treinamento realizado na última sexta-feira (30) no maior aeroporto do país.

O exercício envolveu mais de cem pessoas, de 26 organizações, como Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Defesa Civil, Cruz Vermelha Brasileira, Polícia Federal e hospitais da região. Além de caminhões de combate a incêndio e ambulâncias, foram usados dois helicópteros para o resgate das vítimas. Tudo foi acompanhado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para certificar o cumprimento das regras internacionais.

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Esse tipo de treinamento deve ser feito pelo menos uma vez por ano, segundo o diretor de Operações do aeroporto de Guarulhos, comandante Miguel Dau. "Isso é importante para que todos estejam preparados para o caso de uma emergência real. Nos preparamos para o pior e rezamos para o melhor", afirmou.

Caminhão dos bombeiros do aeroporto de Guarulhos pode produzir até 12,5 mil litros de água (Marcio Komesu/UOL)

90 segundos para os bombeiros chegarem

Segundo o diretor do aeroporto de Guarulhos, quando um avião se acidenta na pista, o Corpo de Bombeiros do próprio terminal deve chegar até a aeronave em até 90 segundos, e o atendimento deve começar em até três minutos.

O anúncio do início do treinamento e o som das sirenes dos caminhões dos bombeiros foram ouvidos de forma praticamente simultânea. Em poucos segundos, já era possível avistar na pista do aeroporto os dois caminhões Panther Rosembauer 6×6, usados para o combate ao incêndio.

Ao chegar ao local, os caminhões acionaram imediatamente os jatos de água, que podem atingir até 90 metros de distância. Cada caminhão pode transportar até 12,5 mil litros de água e 1.500 litros de LGE (Líquido Gerador de Espuma), que, ao serem misturados, podem produzir até 60 mil litros de espuma. O Panther Rosembauer tem câmeras térmicas que ajudam a encontrar com precisão o foco do incêndio, além de braços mecânicos que podem perfurar a fuselagem e injetar o material de combate ao fogo dentro da aeronave.

Vítimas recebem primeiros atendimentos no gramada ao lado da pista do aeroporto (Vinícius Casagrande/UOL)

Resgate das vítimas

Com o fogo controlado, foi a vez de as equipes de resgate darem início ao tratamento das vítimas. Durante o treinamento, 43 voluntários estava devidamente maquiados, simulando ferimentos e queimaduras em diversas partes do corpo.

Vestidos com equipamentos de proteção contra o fogo, que inclui até cilindros de oxigênio, os bombeiros fazem a remoção dos feridos dos destroços do avião acidentado. O resgate utiliza o método Start (simples triagem e rápida remoção).

Depois, os passageiros feridos são colocados em macas e entregues aos médicos e enfermeiros, que prestam os primeiros socorros. Os feridos são colocados em lonas espalhadas no gramado ao lado da pista de táxi do aeroporto. São lonas de três cores diferentes: amarela, para feridos intermediários, vermelha, para feridos com necessidade de atendimento urgente, e preta, que fica mais afastada, para o caso de mortes. Nesse espaço, as vítimas aguardam a remoção para os hospitais.

Para os casos mais graves, o resgate conta com o auxílio de helicópteros da Polícia Militar e da Polícia Civil. O primeiro helicóptero pousou no aeroporto de Guarulhos 12 minutos após o início do treinamento, quando nem todas as vítimas ainda haviam sido retiradas do avião.

Treinamento envolve mais de cem pessoas de 26 organizações (Marcio Komesu/UOL)

Treinamento dura cerca de uma hora

O trabalho para remover do avião 43 pessoas levou 22 minutos. No total, o treinamento durou uma hora e só terminou quando o último passageiro ferido saiu de ambulância do local do acidente simulado.

"Se você não treina e não coordena as entidades, na hora, as pessoas acabam dando muita cabeçada uns com os outros, e essa perda de tempo implica em perda de vidas", afirmou o diretor de Operações do aeroporto.

Diversos avaliadores estão ali só para analisar todos os passos do treinamento e fazer uma avaliação completa de erros e acertos no atendimento.

Equipe celebra o fim do treinamento com batismo dos bombeiros (Marcio Komesu/UOL)

Batismo para comemorar

Durante o treinamento, o clima de tensão é permanente em todos os participantes. A sensação é que não é apenas uma simulação, mas um acidente de verdade. Bombeiros, médicos e enfermeiros só relaxam mesmo quando a última vítima é retirada.

Depois de todo esforço, é hora de guardar uma recordação do treinamento: todos se reúnem em frente ao avião para uma foto oficial. O caminhão Panther Rosembauer aciona novamente seu jato de água, dessa vez apenas para dar um banho em todos os participantes. É o batismo, e a prova de que estão preparados caso seja necessário agir em uma situação real.

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