Frota diminui, mas número de passageiros aumenta. Como? Voos mais cheios
A frota de aviões das companhias aéreas brasileiras vem diminuindo nos últimos anos, mas o número de passageiros, ao contrário, tem crescido. Em 2013, havia 640 aviões, e foram vendidas 96,2 milhões de passagens. Em 2017, o número de aviões caiu para 489, enquanto as passagens vendidas aumentaram para 98,8 milhões. Como isso vem acontecendo?
Para entender esse fenômeno, é preciso observar algumas variações ao longo dos anos, a capacidade de transporte das aeronaves, a quantidade de destinos oferecidos e o aproveitamento dos voos.
Até 2013, houve um crescimento constante tanto no número de passageiros transportados quanto no de aviões pertencentes às companhias aéreas brasileiras. Desde então, com pequenas oscilações, o número de aeronaves começou a cair (de 640 unidades, em 2013, para 489, em 2017) e o de passageiros transportados cresceu (atingiu a marca de 103,3 milhões, em 2015, recuou para 96,1 milhões, em 2016, e voltou a crescer em 2017, para 98,8 milhões).
"O que a empresa olha é o aproveitamento dos voos [ou seja, quantos assentos dos voos foram vendidos]. Até 2007, estávamos com uma média de cerca de 67% dos assentos dos voos preenchidos. Mais recentemente, este aproveitamento cresceu para cerca de 80% a 82%, e é essa ocupação que define os resultados financeiros das empresas aéreas", disse Oswaldo Sansone, professor da matéria Aeroportos do curso de Engenharia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado).
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O professor destaca que o nível de ocupação nos últimos anos no Brasil se assemelha ao do mercado internacional, principalmente o dos Estados Unidos, e que isso favorece a competição entre as empresas. Assim, com mais assentos vendidos por voo, é possível vender passagens mais baratas, segundo ele.
Este aproveitamento, porém, não deve aumentar mais, porque está no limite da indústria aeronáutica, afirmou Sansone.
"Acima de 80% [de ocupação], a empresa aérea pode começar a deixar passageiros no chão, e isso não é interessante, já que ela começa a perder mercado. É nesse instante que começa a ocorrer o overbooking [venda de passagens acima da capacidade do voo com o objetivo de lotar os voos]."
Tamanho das aeronaves
Também há uma conta matemática simples que pode ser feita para explicar a redução no número de aviões. Se as companhias brasileiras se desfazem de cinco unidades de aeronaves ATR-72, por exemplo, que transportam entre 68 e 72 passageiros cada, e compram um Boeing 777, com capacidade para até 550 passageiros, a capacidade de transporte também aumenta, apesar de o número de aeronaves ter caído a um quinto.
Outro ponto, segundo Sansone, é a opção das empresas por aeronaves maiores servindo menos destinos, o que não é positivo do ponto de vista do passageiro. "Se você trabalhar com aeronaves menores, você tem uma capilaridade maior, alcançando um número maior de localidades. Mas isso é uma questão de mercado", disse Sansone.
Para o investimento em destinos menores valer a pena para as companhias aéreas, declarou o professor, é preciso investir nos aeroportos. "O aeroporto é uma das pontas dos custos das empresas aéreas. Subsidiando os aeroportos, você, automaticamente, está subsidiando o transporte, e isso melhora a competitividade e o número de localidades atingidas. […] Você alimentaria os aeroportos maiores com voos vindo de localidades menores, e isso favorece o passageiro."
PAC Aeroportos
Em 2014, o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) tinha como objetivo investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais, mas fatores econômicos impediram a execução de diversos pontos do programa. Segundo o último balanço disponível, o programa foi retomado em 2017 com diversos anteprojetos prontos e obras em fase inicial.
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