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Catrapo, alternar, manicaca: conheça frases e expressões usadas na aviação

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11/11/2018 04h00

"Tripulação, portas em automático". "Push back autorizado". "O voo será alternado para outro aeroporto". Algumas frases ditas por pilotos, comissários e funcionários de empresas aéreas podem confundir a cabeça dos passageiros.

Geralmente, as mensagens são padronizadas e seguem normas para serem pronunciadas. Outras são apenas expressões que já foram incorporadas ao cotidiano aeronáutico.

O UOL separou algumas frases e expressões usadas no dia a dia da aviação. Veja o que elas significam.

Alternar

Quando uma aeronave está impedida de pousar no aeroporto de destino, ela deve alternar, ou seja, pousar em um outro local anteriormente definido no plano de voo. Todos esses planos de voo da aviação comercial devem conter uma opção de aeroporto para alternar o pouso caso haja algum problema com o local de destino. O combustível da aeronave, inclusive, é calculado pensando na necessidade de alternar o voo, somando, ainda, uma margem de segurança.

Baixado e travado

Trem de pouso estendido por completo e travado – Foto: Alexandre Saconi/UOL

Significa que o trem de pouso já está completamente estendido e que foi travado para realizar o pouso em segurança. Caso o travamento não tenha ocorrido, um sinal indicará a situação aos pilotos na cabine.

Catrapo

É a aterrissagem brusca do avião. Não deve ser confundida com queda, já que no catrapo o piloto mantém totalmente o controle da aeronave. Pode ocorrer sem querer, quando o piloto ainda está em treinamento ou quando uma corrente de ar joga o avião para baixo, ou intencionalmente, como em caso de chuvas fortes. Nesse último caso, o pouso mais duro rompe a lâmina de água que se forma na pista e melhorando a aderência do pneu do avião ao pavimento. Em geral, não causa nada além de um desconforto nos passageiros. Entretanto, pousos mais agressivos podem chegar a causar danos estruturais nas aeronaves.

Crosscheck

É um pedido do piloto para que um integrante da tripulação verifique o procedimento que outro executou, em busca de sanar eventuais erros. Isso garante que tudo foi feito da maneira correta e que não ocorreram erros.

Final para pouso

É o aviso dos pilotos de que a aeronave está na reta final para pousar, já em descida, e próxima ao aeroporto de destino.

Grooving

Implementação do grooving no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 2007 – Foto: Valter Campanato/ABr

São ranhuras que auxiliam no escoamento de água das pistas de pouso. Esses pequenos canais garantem que não sejam formadas poças em caso de chuva, o que dificultaria o pouso ou causaria derrapagens. A importância do grooving ficou evidente após o acidente do voo TAM 3054, em 2007. Naquele dia, a aeronave que partiu de Porto Alegre (RS) tentou pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas não conseguiu: devido a uma série de falhas, como o posicionamento confuso da manete de aceleração, e com as chuvas, a aeronave não contou com esta opção em caso de emergência e acabou derrapando e saindo da pista.

Manicaca

É o apelido dado aos pilotos que ainda estão em fase de formação e que não dominam os procedimentos técnicos necessários na área.

Non-stop

Significa que o voo é sem escalas até o destino final.

Órbita de espera

Exemplo de órbita de espera e as maneiras como os pilotos podem entrar nesse circuito aéreo – Imagem: Decea-Rotaer

É uma rota de espera, em formato oblongo ou oval. Os aviões ficam voando nessas rotas quando há muitas aeronaves no mesmo local, para aumentar a distância entre um e outro e permitir que os controladores de voo organizem o tráfego aéreo com segurança. Também pode ocorrer em caso de falhas no radar localizado no solo ou quando o aeroporto de destino está passando por algum tipo de impedimento temporário para pouso, como baixa visibilidade ou algum objeto na pista.

Push back autorizado

Equipamento de push back usado pela Embraer em São José dos Campos (SP) – Foto: Alexandre Saconi

Refere-se ao procedimento de condução e posicionamento do avião em solo por um trator para que, ao final do procedimento, seja feito o taxiamento até a pista. Como a aeronave não dá ré, ela precisa do apoio do trator ou de outro veículo específico para realizar o procedimento.

Tesoura de vento

É uma corrente de ar descendente brusca, que apresenta ventos divergentes após tocar o solo. Pode ocorrer durante o pouso ou a decolagem. Em geral, causa instabilidade no voo e, por segurança, os pilotos podem arremeter quando encontrarem esse tipo de corrente de vento. É causada por questões relativas ao vento, solo e outros fatores. Entre 1999 e 2012, o aeroporto de Guarulhos foi o que mais registrou tesouras de vento, com 1.857 ocorrências no período.

"Tripulação, portas em automático"

A parte inferior da porta armazena a escorregadeira, que é inflada quando a porta é aberta no modo automático – Foto: Alexandre Saconi

Refere-se ao procedimento de travamento das portas dos aviões. Quando o comandante faz esse anúncio significa que o dispositivo de travamento das portas foi acionado, ou seja, elas estão fechadas e em segurança, e só poderão ser abertas após desativação do mesmo dispositivo. Caso a porta seja aberta sem desativar o dispositivo, como em uma emergência, um escorregador de emergência será inflado para que os passageiros e tripulantes possam sair em segurança do avião.

"Tripulação, preparar para o pouso"

É o aviso do piloto para que os comissários realizem os procedimentos específicos para que a aeronave pouse em segurança. Nesse momento, já não serão mais servidas refeições, as poltronas devem estar na posição vertical, os cintos devem estar afivelados e as bandejas dos assentos, recolhidas e travadas.

Fontes: Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo)

Reportagem: Alexandre Saconi

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Sobre o blog

Todos a Bordo é o blog de aviação do UOL. Aqui você encontra notícias sobre aviões, helicópteros, viagens, passagens, companhias aéreas e curiosidades sobre a fascinante experiência de voar.