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Avião inflável ou sem asas: conheça os modelos mais estranhos já feitos

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04/11/2017 04h00

O avião inflável Inflatoplane foi desenvolvido para o exército dos EUA (foto: Smithsonian Institution)

Por Vinícius Casagrande

Desde que o primeiro avião foi produzido, a indústria aeronáutica está em sempre em busca de inovações. Foi assim que os aviões puderam evoluir ao longo dos anos. Para se chegar às aeronaves atuais, no entanto, projetos bastante estranhos foram criados.

Muitos deles foram feitos a pedido das forças armadas de diversos países para serem utilizados em guerras. Alguns até ajudaram a criar novos conceitos aerodinâmicos, mas maioria nunca chegou a ter uma produção em série.

Entre as inovações mais estranhas, estão aviões sem asas, com asas redondas, invertidas e até tortas. A indústria chegou a desenvolver até mesmo um avião inflável. Muita gente poderia até duvidar que um dia eles voariam, mas todos chegaram a fazer voos de testes. Só não conseguiram se mostrar viáveis para ter uma produção em série. Veja a seguir alguns dos mais inusitados.

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O Stipa-Caproni é considerado um precursor do avão a jato (foto: San Diego Air and Space Museum)

Stipa-Caproni

Em 1934, o italiano Luigi Stipa criou um avião bastante inusitado, mas que é considerado um precursor dos aviões a jato. O avião italiano tinha uma fuselagem que mais parecia um grande barril. Ela era completamente vazada, com a hélice na parte frontal e a saída de ar na traseira.

O primeiro voo foi comandado pelo piloto Domenico Antonini. O avião se mostrou bastante estável em voo e o conceito de fuselagem aberta aumentou a eficiência do motor. Por outro lado, exigia uma fuselagem muito grande, o que acabava por anular todos os ganhos da eficiência do motor. Além disso, o avião se mostrou extremamente lento para fazer curvas no ar. Apenas um avião do modelo foi construído.

O alemão Alexander Lippisch criou um avião sem asa (foto: Smithsonian Institution)

Aeródino de Alexander Lippisch

Um dos projetos mais inusitados já criados foi o aeródino (aeronave mais pesada do que o ar) do alemão Alexander Lippisch. O mais curioso é que a máquina não tinha asas e dependia exclusivamente das duas hélices que ficavam dentro da enorme fuselagem tubular. O aeródino até chegou a voar, mas a produção não passou do primeiro protótipo.

Apesar do fracasso com o projeto, Alexandre Lippisch é considerado um dos maiores inventores da indústria aeronáutica de todos os tempos. É dele, por exemplo, a criação de asas voadoras (um avião sem fuselagem) e das asas em formato delta (estrutura triangular que foi essencial para o desenvolvimento de aviões supersônicos).

O Vought V-173 ficou conhecido como "panqueca voadora" (foto: Smithsonian Institution)

Vought V-173

O formato redondo e achatado fez com que o Vought V-173 ganhasse o apelido de "panqueca voadora". O objetivo do projetista Charles Zimmerman era criar um avião que pudesse decolar e pousar a baixíssimas velocidades para operar em porta-aviões.

O avião chegou a fazer 139 horas de voos de testes e se mostrou bastante estável e seguro durante as operações mais complicadas. A marinha dos Estados Unidos encomendou um segundo protótipo, mas em seguida desistiu do Vought V-173 para focar nos aviões com motores a jato.

O XFV-1 foi uma tentativa de se criar um avião de decolagem vertical (foto: San Diego Museum)

Lockheed XFV-1

É um foguete ou um avião? O Lockheed XFV-1 foi desenvolvido para ser um avião que pudesse decolar e pousar na vertical. Assim, o avião poderia voar para qualquer lugar, mesmo onde não houvesse uma pista de pouso. O avião chegou a fazer 32 voos de testes, mas falhou exatamente na tentativa de fazer uma decolagem vertical.

O projeto foi encomendado pela marinha dos Estados Unidos em 1951, com o primeiro voo de testes realizado em 1954. Com as falhas apresentadas, o projeto foi abandonado em 1955.

O Goblin foi o menor caça a jato já produzido (foto: US Air Force)

McDonnell XF-85 Globin

O XF-85 Globin, da fabricante McDonnell, foi o menor avião de caça a jato já produzido, com apenas 4,5 metros de comprimento. O avião não tinha nem mesmo trem de pouso. É que a intenção era de que ele fosse carregado dentro dos bombardeiros Convair B-36, sendo lançado no ar em caso de ameaça.

Para retornar a bordo do B-36, seria resgatado por um gancho. Durante o voo, o avião se mostrou bastante confiável, mas a dificuldade de se engatar ao gancho para retornar a bordo do avião foi uma das principais causas para o cancelamento do projeto. Foram feitos sete voos de testes, e em apenas três deles foi possível fazer o engate com o avião lançador. O projeto foi cancelado em 1949, um ano após ter sido criado.

O avião de asas invertidas tinha como objetivo voar com ângulo elevados (foto: Nasa)

Grumman X-29A

O Grumman X-29A é um avião montado ao contrário. O caça militar tem as asas com o ângulo invertido, com as pontas apontadas para frente. Além disso, o estabilizador horizontal, que normalmente fica na cauda do avião, foi instalado à frente das asas.

Essa posição invertida faz com que o ar flua da ponta das asas em direção à fuselagem (nos aviões tradicionais o sentido é da fuselagem para as pontas). Essas mudanças aerodinâmicas foram testadas com a intenção de criar um avião supersônico que pudesse voar com ângulos verticais elevados.

O avião fez 422 voos de testes com os dois protótipos construídos. Apesar de bons resultados apresentados na estabilidade dos voos, os engenheiros responsáveis não conseguiram demonstrar avanços significativos em relação ao posicionamento padrão das asas e, após oito anos (entre 1984 e 1992), o projeto foi abandonado.

O avião tinha como objetivo a economia de combustível (foto: Nasa)

AD-1

Outro projeto que inovou no posicionamento das asas do avião foi o AD-1, desenvolvido pela Nasa, a agência espacial norte-americana. O ângulo das asas era variável, podendo se movimentar horizontalmente em até 60º. O posicionamento variava de acordo com a velocidade do avião.

Segundo estudos do engenheiro aeronáutico da Nasa Robert T. Jones, essa inovação poderia gerar o dobro de economia de combustível em voos supersônicos em relação ao posicionamento padrão de asas. Foram feitos 79 voos de testes com o avião, entre 1979 e 1982.

Embora a asa oblíqua ainda seja considerada um conceito viável, os pilotos tinham grande dificuldade controlar o avião em voo, o que fez com que a agência espacial abandonasse o projeto.

O LTV XC-142A foi mais uma tentativa de aviões com decolagem vertical (foto: US Air Force)

LTV XC-142A

O projeto tinha a intenção de ser uma mistura de avião e helicóptero. As asas podiam se inclinar até 90º na vertical para permitir que a máquina pudesse pousar e decolar como se fosse um helicóptero. Em voo, elas voltariam à posição normal para voar como um avião.

Desenvolvido na década de 1960 a pedido das forças armadas dos Estados Unidos, o LTV XC-142A teve cinco protótipos produzidos. Embora tenha conseguido pousar e decolar na vertical, a força do vento quando os motores estavam ligados impediam o embarque e desembarque dos soldados. Assim, o equipamento se tornava inviável para missões de batalha, e o projeto foi abandonado.

O avião inflável chegou a ter 12 protótipos construídos (foto: Smithsonian Institution)

Inflatoplane

Em 1955, o exército dos Estados Unidos encomendou o desenvolvimento de um avião leve, de fácil pilotagem e que fosse inflável. A intenção do projeto era que, em caso de um ataque inimigo, os soldados pudessem inflar rapidamente o avião e fugir pelos ares.

O projeto foi desenvolvido pela Goodyear, que tinha experiência na produção de dirigíveis, com o nome de inflatoplane (avião inflável). Durante 18 anos de testes, foram produzidas 12 unidades. No entanto, o avião inflável nunca se demonstrou efetivamente prático e seguro.

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