Com telefone, wi-fi e projetores, avião executivo é extensão do escritório
Por Vinícius Casagrande
Jatos executivos foram feitos para dar mais agilidade e permitir que os passageiros possam trabalhar como se estivessem no próprio escritório. Para isso, há telefone via satélite, wi-fi, mesa de trabalho e até uma cozinha para preparar as refeições.
O Legacy 500, por exemplo, pode transportar de oito a 12 passageiros. Na configuração mais confortável, o avião conta com seis poltronas e um sofá, que podem ser transformados em quatro camas. A cabine do avião mede 2,08 metros de largura e 1,82 metro de altura, a maior entre os modelos da categoria.
Quando precisam trabalhar, os passageiros podem abrir uma mesa localizada entre as poltronas, acessar a internet e até mesmo fazer ligações. Os dispositivos eletrônicos podem se conectar às duas telas instaladas no avião e transformar o ambiente em uma sala de reunião.
Para chegarem descansados ao destino final, os passageiros podem transformar as poltronas em camas. Na configuração mais confortável do Legacy 500, há seis poltronas e um sofá, que podem viram quatro camas.
A configuração interna pode ser definida pelo próprio proprietário do avião. Ele pode escolher desde a quantidade de assentos até a cor do estofamento e o desenho do carpete do avião.
Com velocidade de cerca de 900 km/h e autonomia de 5.800 km, o Legacy 500 já bateu quatro recordes mundiais de velocidade na sua categoria. O jato tem capacidade para chegar a até 15 km de altitude, acima dos aviões comerciais que voam a cerca de 11 km de altitude.
"A vantagem é que a atmosfera é mais calma, tem menos turbulência e não há tráfego. Assim, podemos cortar caminho mais fácil", afirma Sydney Rodrigues, piloto da Embraer.
Apesar da altitude elevada, o ar interno do jato é pressurizado a uma altitude de 6.000 pés (cerca de 2.000 metros), mais baixo que nos voos comerciais que tem pressurização normalmente a 8.000 pés (2.700 metros). Isso proporciona mais oxigênio e deixa o voo menos cansativo.
Para as refeições, na parte da frente do avião há uma cozinha (galley) que pode ser equipada com forno de micro-ondas, forno convencional, geladeira, máquina de café e máquina de gelo.
Controles digitais de voo
O Legacy 500 foi o primeiro jato executivo produzido com o conceito completo de tecnologia fly-by-wire. A tecnologia já é utilizada há bastante tempo nos grandes aviões comerciais, mas foi a primeira vez que a Embraer decidiu adotar o mesmo recurso nos jatos de menor porte.
O fly-by-wire é um sistema totalmente computadorizado dos controles do avião. Com ele, não há a necessidade de cabos na hora de acionar as superfícies móveis de comando. O sistema é controlado por um software que foi desenvolvido por engenheiros da própria Embraer.
O fly-by-wire controla alguns limites de operação que facilitam o trabalho dos pilotos e dão mais segurança ao voo. O software impede, por exemplo, que os pilotos façam manobras que fujam dos parâmetros para o qual o avião foi projetado, evitando riscos estruturais ou a perda de sustentação do avião.
Além de dar mais segurança, o sistema também deixa o voo mais confortável para os passageiros. Quando encontra algum imprevisto durante o voo, o próprio fly-by-wire é programado para fazer as correções necessárias, como em caso de turbulências.
Sem o manche tradicional
Os Legacy 500 e 450 também foram os primeiros aviões da Embraer a substituírem os manches tradicionais pelo sidestick (uma espécie de joystick posicionado ao lado do assento de cada piloto). Com isso, os pilotos ganharam mais espaço à frente.
Na área livre, foi instalada uma mesa retrátil que pode ser utilizada para fazer anotações do voo. "Os pilotos gostam mesmo é de utilizar para fazer as refeições", afirma Sydney Rodrigues, piloto da Embraer.
A cabine dos pilotos
A tecnologia não se resume somente ao sistema fly-by-wire. Em frente aos pilotos, foram instaladas quatro telas de 15 polegadas que mostram as mais diversas informações necessárias para o voo. São dados de altitude, velocidade, direção, meteorologia, funcionamento dos motores e até os mapas das rotas e dos aeroportos.
"São quatro telas que podem ser configuradas das mais diversas formas possíveis. Nós orientamos a melhor e mais eficiente forma de você configurar essas telas, mas o grande lance é a flexibilidade dele", afirma o piloto da Embraer.
Para comandar o jato executivo, o piloto precisa de um treinamento de 21 dias em Saint Louis, nos Estados Unidos. A primeira semana é de aulas teóricas e nos demais dias o piloto faz aula no simulador. "É um avião dócil e muito fácil de ser pilotado", garante Sydney Rodrigues.
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